Opinião | A irreversível participação das mulheres na política

Foto: divulgação

Quando aceitei disputar a vaga de vice-prefeita de Joinville, em 2012, muitas pessoas me criticaram. O público masculino dizia que eu deveria desistir, pois teria uma eleição “garantida” para a Câmara de Vereadores. E, de modo surpreendente, a parcela feminina alegava que os pleitos majoritários eram para os homens. Respondi que manteria minha palavra ao meu saudoso amigo Marco Tebaldi, que me convidou para integrar a chapa com ele. Meu objetivo não era apenas o resultado eleitoral. Estava convicta de que era o momento para ajudar a fomentar ainda mais a participação feminina no processo político.

Em nosso país esta é uma luta que iniciou em 1927, em Mossoró, no Rio Grande do Norte, quando a professora Celina Guimarães Viana conseguiu, por meio de uma lei estadual, o direito a votar. Algo que as demais brasileiras só alcançariam oficialmente em 1932. De lá para cá, a história é marcada pelo esforço e dedicação das pioneiras que tiveram a coragem de ser mais do que uma eleitora. Foi assim com Alzira Soriano, em 1928, primeira latino-americana a ser eleita prefeita (da cidade de Lajes-RN) e com a catarinense Antonieta de Barros, que em 1934 foi a primeira mulher negra a se eleger deputada estadual.

Depois delas, muitas outras passaram a integrar partidos, a se candidatar e a conquistar os mais variados cargos eletivos possíveis no Brasil. Porém, os números mostram que a nossa participação efetiva ainda é abaixo do ideal. Dados da Justiça Eleitoral indicam que em 2022, mesmo representando 53% de todo o eleitorado, tivemos só 34% das candidaturas e apenas 18% de nós fomos eleitas. Entrar e permanecer na política não é uma questão de competição. Não somos melhores nem piores do que os homens. Mas com nosso olhar feminino e sensibilidade temos totais condições de contribuir muito e ajudar a construir uma sociedade melhor.

E a eleição de 2012? Eu perdi, mas ganhei. A partir do meu exemplo, outras quatro candidaturas femininas aconteceram em 2016: uma para prefeita e três para vice. E no pleito seguinte os eleitores de Joinville elegeram uma vice-prefeita. Não há dúvida alguma de que a participação efetiva das mulheres na política, no Legislativo ou no Executivo, já é uma realidade irreversível e que continuará crescendo.

Marilisa Boehm, vice-governadora do Estado de Santa Catarina

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*