Opinião: o Correio é do Povo

Foto: reprodução

Por Aroldo Bernhardt – Professor

Guindados ao poder de forma democrática, porém em uma das eleições mais estranhas da história, Bolsonaro e caterva passaram a trabalhar pela implantação do Estado Mínimo, mediante a entrega do patrimônio público a preço vil, favorecimento despudorado à plutocracia financeira, além de medidas, todas sem exceção, prejudiciais à classe trabalhadora e ao setor produtivo nacional.
Por isso há quem os considere neoliberais, contudo eles (os golpistas) se superaram e surpreendem até os seus apoiadores, ultrapassando limites e chegando à raia de uma filosofia política que pode ser classificada como anarcocapitalismo ou anarcoliberalismo, promotora da anarquia com a eliminação do Estado e proteção à soberania do indivíduo, através do mercado totalmente livre.

Trata-se de uma concepção do indivíduo como proprietário da sua própria pessoa e capacidades, nada devendo à sociedade. Entende a maximização dos interesses econômicos como forma de sublimação da violência. É nitidamente uma visão deísta da realidade na medida em que supõe a existência da “mão invisível do mercado” reguladora das relações humanas entre si e com a natureza.
Aderentes a essa visão de mundo, Bolsonaro e seus parceiros usam da mesma tática que vem lá da “privataria tucana”, praticada no governo FHC. Começam precarizando ou, para ser mais claro, sucateando as empresas públicas para “prepará-las” para a privatização. Foi assim com a Vale e com o Sistema Telebrás, para ficar em poucos exemplos.

Na sanha entreguista limitam-se a um “economicismo” tacanho e indiferente à outras dimensões da vida humana associada. Não levam em conta a importância das empresas para as comunidades, em especial as mais carentes.

Assim, por convicção ou por imposição de quem os colocou no poder, o governo atual tem pressa porque sabem que a paciência do povo tem limites, eles se lançam agora contra o Correio, instituição brasileira criada em 1663.

Atualmente o Correio possui um portfólio de serviços que ultrapassa o originário serviço postal. Presta serviço de logística integrada, financeiros e eletrônicos, funciona até como banco em municípios de baixa renda, efetua pagamentos do INSS, opera o FGTS, bem como programas relacionados com outras políticas públicas relevantes como, por exemplo, o MCMV. Enfim são mais de 100 produtos e serviços prestados, com presença em todos os municípios do país através de unidades próprias e franqueadas.

Sob a perspectiva da estratégia nacional, em especial para os países em desenvolvimento e principalmente para aqueles de extensão territorial continental, caso do Brasil, as atividades fundamentais para o fortalecimento da autonomia e até das questões do Poder Nacional devem permanecer sob tutela direta do Estado.

Nessa linha, não se pode perder de vista que os serviços prestados pelo Correio são de interesse público relevante, que beneficiam as populações das localidades mais remotas do país, alcance que certamente não seria atingido se fosse explorado por empresas privadas, entidades que objetivam maximizar o lucro.
Na perspectiva econômica, visando combater o sucateamento existem propostas concretas elaboradas pela Federação Nacional dos Trabalhadores do Correios e pela Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores do Correios, que certamente atenderão melhor o superior interesse público do que a “tábula rasa” da privatização pretendida pelo atual governo federal.

As principais propostas do povo do Correio se referem a um Projeto de Lei que fidelize as postagens dos órgãos públicos federais e estaduais, com receita prevista de R$ 20 bilhões/ano; restituição pelo Tesouro Nacional de R$ 3,9 bilhões repassados à União acima do estabelecido legalmente e uma série de ações relacionadas com a gestão de pessoas, de investimento em logística e de melhoria nos serviços de postagens.

Enfim vamos dar uma basta ao entreguismo. O Correio é patrimônio material e imaterial do Brasil. Não à privatização!

PS: Este artigo foi publicado originalmente em abril de 2019. Pela discussão sobre o tema em Brasília e instigado pelo autor, reproduzimos.

7 Comentário

  1. Pobre Brasil, de um lado o Ptismo (no caso aqui representado pelo professor Aroldo, pessoa à qual conheço e merece o meu respeito), que defende a manutenção de empresas como Correios, Petrobrás entre outras nas mãos do Estado, com o discurso de que o petróleo é nosso, os Correios é nosso, etc, porém quando estiveram no poder usaram essas mesmas empresas para pagar e receber os maiores esquemas de propinas que esse país já viu, bem como destruíram o “postalis”. Do outro lado o Bolsonarismo, que hora é liberal, hora flerta com o populismo. De minha parte, que privatize essas e tantas outras empresas, colocando nas mãos da iniciativa privada, que já provou ser muito mais eficiente, vide o exemplo da telefonia, que se dependesse do Ptismo, estaria na era das trevas. O Estado deve cuidar de saúde, segurança e educação, fora isso é só cabide de empregos e corrupção.

  2. Correios é de extrema importância para o Brasil ele está em todas as cidades Brasileiras desde as grandes cidades até a menores, correios entrega de até nas aldeias indígenas, a iniciativa privada vai pegar o filé as cidades ué dão lucro pra eles quem vai atender os menos favorecidos? Mesmo atendendo todas as cidades os correios deu um lucro de mais de 1 bilhao ao governos esse ano! Não devemos nos desfazer do que é nosso! Uma empresa que leva até às cores do Brasil no seu uniforme!

  3. Empresas estratégicas dos setores petróleo, energia e correios não devem ser privatizadas. Devem servir aos interesses do.povo brasileiro. Parabéns Prof Aroldo pelas informações e defesa do patrimônio do povo brasileiro

  4. Parabéns pelo artigo professor Aroldo. Já vimos esse filme antes, a dilapidação do serviço e do patrimônio público, em nome de uma tal eficiência. Na realidade cria-se uma imagem negativa acompanhada do sucateamento para depois entregar aos amigos do rei a preço de banana. Sem levar em consideração o uso de empréstimos do BNDS para financiar a tal entrega. Os acólitos do detrito sólido de maré baixa, por falta de argumentos, já vociferam contra o Pt. Como se as mazelas do setor público tem sua origem no petismo. Aprenderam direitinho a cartilha da farsa a jato.

  5. Muito boa essa reflexão do Professor Aroldo.
    Enquanto nosso país estiver nas mãos desses alucinados, milicianos, demagogos é destruidores do patrimônio público, nosso país véi definhando. Quando falam mal da época do PT, época que tínhamos crescimento econômico e sustentável em todos os setores, e assim fazem, para enganar o povo e meter as mãos no patrimônio do povo.

  6. Tirando o possível anônimo “Jodomis”, todos os demais são petistas … típico

  7. Prof. Aroldo sempre acertivo em suas palavras, ótima reflexão sobre os Correios empresa essa que faço parte a 24 anos, fico grato por suas palavras professor, os Correios são do povo e para o povo. Obrigado Professor Aroldo.

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