Minha homenagem aos pais que não ajudam – Maternidade

sabrina_100Coluna: MATERNIDADE

por SABRINA HOFFMANN
jornalista e mãe

Sabe aquela história de que filho só chama pelo pai para perguntar onde está a mãe? Lá em casa é exatamente o contrário. Nestes três anos, a relação pai e filha só tem se estreitado e desde a troca de fraldas até o banho, o pai é sempre a primeira opção.

sabrina_filhaIsso porque, assim como foi comigo, com eles também houve um processo de construção, que começou já na maternidade. Quando, para eu poder descansar um pouco, meu marido passou a noite em claro, andando pelos corredores pra fazer nossa filha dormir. Quando acordou para acalmá-la, quando trocou as fraldas e a levou para o chuveiro, porque não conseguia dar banho na banheira. Quando engatinhava junto pra incentivá-la. Ou quando comprou a primeira raquete de tênis, mesmo sabendo que ela sequer conseguiria segurar, mas assim teria uma desculpa a mais pra colocá-la ao seu lado na quadra.

E o mais engraçado, pra não dizer constrangedor nessa história, é que muita gente insiste em achar isso o máximo. “Nossa, que bom que ele te ajuda!”. Na maioria das vezes uso o tal do sorriso amarelo, que já comentei por aqui, como resposta, quando na verdade tenho vontade de gritar aos quatros que quando um pai cuida do seu filho ele não está ajudando, mas sim cumprindo com a sua obrigação.

E como é bom olhar pro lado e ver uma nova geração de pais comprometidos de fato com o seu papel surgindo. Homens que aprenderam a cozinhar para poder oferecer um almoço legal para os pequenos, que abrem mão do futebol com os amigos para que a mulher possa também cumprir um compromisso de trabalho ou sair com as amigas. Que ficam em casa e, além e cuidar da criança também fazem os serviços domésticos enquanto a esposa está no trabalho.

São os pais da Sophia, da Amanda, do Enzo, da Paola, do Artur, da Elisa, da Ana, da Clara e tantas outras crianças com quem convivo ou conheço. Pais de fato e não de redes sociais. Pais que não o são de sangue, mas que assumiram este papel.

E como é frustrante perceber que ainda tem pai que acha que pagar pensão é o suficiente. Que ver o filho a cada quinze dias durante alguns minutos está ótimo. Que trocar fralda, dar banho e educar é papel da mãe. Que impor limites é chato e ele não sabe fazer isso.

Nesta semana, uso este espaço para lembrar que no próximo domingo é dia de homenagear os pais. E a minha contribuição vai, exclusivamente, para os pais que não ajudam. Porque sabem que não é isso que fazem, mas sim que assumiram de fato o seu papel na educação dos filhos. Que sabem que, da mesma forma que uma mãe é julgada quando negligencia os filhos, eles deveriam sofrer as mesmas cobranças.

Minha homenagem e respeito vão para os pais que não ajudam. Mas que cuidam, educam e acrescentam. Que ensinam os filhos a respeitarem as suas mães, mesmo quando não convivem diretamente com elas (ou você acha bacana ouvir alguém dizendo que a mãe é louca, neurótica ou não faz seu papel direito?). Que sabe que aparecer somente na hora da selfie não faz dele um pai de verdade, mas que ajudar diariamente, estar nas reuniões escolares, colocar regras e cobrar educação, ensinar e dar exemplo sim.

Porque se você ainda acha que um pai deve ser reconhecido por ajudar a mãe, meu amigo, está na hora de rever os seus conceitos.

 

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