Deputados e Prefeitos debatem as emendas impositivas em Santa Catarina

Foto: Alesc

Um debate que vira e mexe é puxado por alguns vereadores de Blumenau, em especial Almir Vieira e Alexandre Caminha, ambos do PP,  está em discussão no plano estadual, envolvendo os deputados e os prefeitos, por conta de uma PEC que tramita na Assembleia Legislativa.

A matéria, assinada por 34 dos 40 parlamentares, cria as emendas de bancada ou bloco parlamentar, para as quais serão destinadas 0,5% da receita corrente líquida (RCL), além de estabelecer critérios para a execução das emendas e responsabilizar o governador por sua não execução.

“É uma ferramenta que o Parlamento tem para apoiar e fortalecer os pequenos municípios. Os deputados estão próximos de suas bases e conhecem a realidade dos municípios. É um grande projeto que o Legislativo dá para todos os catarinenses”, afirma o deputado Laércio Schuster (PSB), primeiro subscritor da PEC.

“Não podemos aceitar que um município, uma entidade não receba recursos do Estado porque o deputado que indicou a emenda não é da base do governador”, completa o deputado Fabiano da Luz, líder do PT na Alesc. “Precisamos fazer com que, independente do governador ou do deputado, os recursos sejam distribuídos de forma justa, para todos.”

O deputado João Amin (PP) também defende que as emendas devem ser pagas “de forma justa e republicana, mesmo que o deputado não vote com o governo, até porque o parlamentar tem que ser independente”. Para ele, a PEC legitima a representação popular, uma vez que os deputados conhecem a realidade das regiões que representam na Alesc.

“O governador não pode pagar as emendas de um deputado e não dos outros. Isso é um desrespeito com os municípios”, completa o relator da PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Milton Hobus (PSD). “É uma forma mais democrática de fazer com o que o investimento público chegue onde as pessoas vivem, que é nos municípios.”

O deputado Ivan Naatz (PV) ressalta que a PEC apenas regulamenta o orçamento impositivo, aprovado pelos deputados em 2017 e que já está em prática no Congresso Nacional. “Santa Catarina não pode ficar sem regulamentar essa questão. Isso vai fortalecer a distribuição de recursos para várias regiões”, explica.

A deputada Paulinha (PDT) acredita que a PEC 12/2019 aprimora o orçamento impositivo ao estabelecer recursos para as emendas de bancada. “É um instrumento que traz para o Parlamento a condição de orientar os investimentos públicos. Vamos até facilitar a vida do governo.”

A PEC 12/2019 está na CCJ, com vistas em gabinete para o líder do governo, deputado Mauricio Eskudlark (PL). Ele assinou a proposta, mas quer analisar o parecer do relator. “A PEC traz alguns detalhes, como a questão do crime de responsabilidade, que temos que analisar com cuidado. Não podemos exorbitar além da nossa capacidade legislativa.”

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Julio Garcia (PSD), reforçou que a PEC apenas adapta a Constituição Estadual à realidade das emendas impositivas, algo que já ocorre no Congresso Nacional, segundo ele, com bons resultados.

“A prática das emendas impositivas é nova em Santa Catarina. Os deputados entenderam que no momento há necessidade dessa adequação na Constituição”, diz.

O presidente da Fecam e prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP), afirma que as emendas impositivas representam uma iniciativa importante da Alesc e contam com o respaldo da Fecam. “Elas [emendas] dão segurança para o município fazer sua previsão de que a obra vai ser executada, para acabar com esse negócio de gerar expectativas que depois não se tornam realidade.”

Para o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido), o formato impositivo traz a garantia que pelo menos uma pequena parte dos recursos orçamentários chegará aos municípios. “O deputado é quem está em contato com as prefeituras, que representa sua região. As emendas trazem o anseio da sociedade.”

Já os prefeitos de São José, Adeliana dal Pont (PSD), e de Rio Negrinho, Julio Ronconi (PSB), fizeram ponderações quanto à PEC. A chefe do Executivo de São José reconhece a importância dos recursos destinados pelas emendas impositivas, mas defende que os prefeitos sejam consultados a respeito das prioridades de seus municípios.

“Todo recurso é importante, desde que as emendas fossem de acordo com as necessidades dos municípios”, afirma Adeliana.

Julio Ronconi reconhece que a imposição das emendas pode fazer diferença para os municípios. No entanto, considera que o Estado não pode ficar refém do pagamento dessas emendas.

“É preciso ver isso com cuidado, porque daqui a pouco eu posso obrigar o governador a fazer o pagamento de uma emenda sem que ele tenha recursos no caixa do Estado”, considera o prefeito de Rio Negrinho.

Fonte: da redação, com informações da Agência Alesc

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