A queda de braço que prejudica os usuários do transporte coletivo de Blumenau

Foto: Belmiro Avancini/arquivo

Mais uma vez, os usuários do transporte coletivo de Blumenau foram pegos de surpresa e ficaram sem ônibus. Desta vez, no comecinho do dia desta quinta-feira, 31, das 4 horas às 6 horas. Não consegui acompanhar ao vivo a entrevista coletiva do sindicato, mas assisti depois pela transmissão do Blog do Jaime.

E pretendo fazer uma reflexão, que sei que vai me indispor com algumas pessoas ligadas ao serviço que respeito muito.

O motivo alegado da paralisação surpresa foi a ausência de representantes da empresa numa reunião prevista nesta terça-feira, lembrando que a categoria está em campanha salarial, pois a data base é 1º de novembro. Dizem que a reunião foi agendada pela própria Blumob, que não compareceu.

Na pauta da categoria na questão financeira, aumento real  de 5%, mais a reposição da inflação. O sindicato diz que a a proposta da empresa é repassar apenas o INPC de setembro (2,92%), “ou seja, referente a 11 e não 12 meses de inflação”, sem aumento real, contando anuênio e vagas de cobradores”.

Na “coletiva” de imprensa, que durante uma hora foi um monólogo do assessor remunerado Ricardo Freitas, morador de Florianópolis, que na largada destacou esta condição dele próprio para dizer que a imprensa que lembra isso está sendo desrespeitosa com os trabalhadores e com o comando do sindicato.

Publico e não me considero desrespeitoso.

Ricardo Freitas falou do caráter público que deveria ser dado ao transporte público, sobre dados controversos que seriam apresentados pela empresa e pela Prefeitura e outros argumentos que até merecem ser analisados, mas desde que não impacte os demais trabalhadores e trabalhadoras da cidade no seu direito de ir e vir.

Sobre os motivos que fizeram o sindicato não avisarem da paralisação, a afirmação é esta: “Avisar antes é organizar a gangue para quebrar ônibus, é organizar Uber”, lembrando que transportes alternativos irregulares acabam ocorrendo quando isso acontece, para depois garantir que as próximas paralisações serão avisadas com um dia de antecedência.

Muitas vezes Ricardo Freitas falou sobre o processo que culminou com a vinda da Piracicabana, hoje Blumob, para Blumenau, ainda no primeiro mandato de Napoleão Bernardes (PSD). Este jornalista que vos escreve foi um dos maiores críticos daquele episódio, que penalizou os trabalhadores e a cidade como um todo, numa história ainda mal contada.

Defendo que, se alguma autoridade – Câmara, Ministério Público ou Poder Judiciário – entender, seja feita uma investigação sobre aqueles episódios, mas não cabe ao sindicato querer impor na marra isso.

Num discurso absolutamente ideologizado – apesar de dizer que não entraria na disputa de narrativas – , Ricardo Freitas trouxe algumas pérolas.

“…ônibus existe para levar gente para ser explorado por outra empresa”, ao referir-se a diminuição de linhas aos domingos.

Falou em determinado momento que shoppings deveriam ser chamados de “centros comerciais” e disse que o presidente do Seterb, “Marcelo Schrubbe, não tem menor compromisso com a cidade e nem com o interesse público”.

Não estou aqui para defender o Schrubbe, longe disso. Mas qual o compromisso e o interesse público do Ricardo Freitas com a cidade?

A grande parte das reivindicações dos trabalhadores do transporte coletivo é justa e deve ser levada em conta. Mas a população não pode ficar refém e o sindicato busque outras estratégias para que os usuários não sxejam prejucados e traga eles para perto da categoria.

Respeito muito os motoristas e cobradores – defendo a permanência deles nos ônibus – e os fiscais, mas não concordo com a linha de atuação do sindicato no atual momento que vivemos.

Abaixo segue o comunicado da Blumob:

Nesta quinta-feira, 31 de outubro, sem qualquer comunicação prévia, desrespeitando milhares de usuários e a legislação, o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo promoveu greve, paralisando integralmente o sistema de transporte coletivo de Blumenau desde as 3h. Toda a estrutura pronta para prestação dos serviços foi bloqueada nos terminais e garagem.

A convenção coletiva da categoria encontra-se plenamente respeitada e ainda em vigor. Reuniões foram realizadas nos últimos dias e a negociação salarial encontra-se em andamento, inclusive com propostas em mesa e tentativa de novas rodadas na próxima semana, sem qualquer necessidade de promover prejuízos à sociedade como ocorreu.

O sindicato reivindica aumento real de 5%, além da reposição pela inflação, o que resultaria em quase 8% de reajuste salarial. Além disto, aumento de 10% no vale alimentação mensal (R$ 880,00), alteração da data base e mudança na nomenclatura dos cobradores. Solicita ainda revisão de dezenas de cláusulas da convenção coletiva.

Cientes de que todo o custeio da tarifa recai sobre o passageiro pagante e que só o reajuste salarial proposto impactaria a tarifa em aproximados 22 centavos, sem contar ainda demais pontos solicitados, evidente a necessidade de discussão do tema com responsabilidade e razoabilidade.

Nos últimos anos foram concedidos aumentos corrigidos pela inflação, além de avanços em benefícios. Os salários também tiveram reajuste real de 1% anualmente, conforme consta da convenção coletiva, ou seja, sempre com aumento real e em condições mais privilegiadas que a grande parte das categorias.

A proposta da empresa foi de renovar todos os termos da convenção coletiva, reajustando salários e benefícios pela inflação de 12 meses, aguardando índice do INPC de outubro, como é praxe. Proposta alternativa para avanço em outros pontos foi colocada em mesa e em ata, permitindo assim que pontos sejam negociados entre as partes.

A empresa confia na via negocial, disposta a continuar discutindo os temas, sem prejuízos à cidade e aos funcionários. As medidas judiciais serão tomadas considerando a ilegalidade da greve.

1 Comentário

  1. O que este sindicato faz é uma vergonha , e quem este tal de Ricardo Feitas pensa que é ?

    Sindicatos são a ruína de qualquer país , principalmente os brasileiros , que são na maioria reduto de ideologista cegos de esquerda , que nada produzem de bom para o país .
    Em rara excessão podem até chegar a presidência do país , mas depois são presos .
    Quem cria gangues não são os usuários , existem gangues já criadas e muitas levam o nome de SINDICATO , não todas , mas diversas .

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