As vozes, cores e ritmos de Guiné-Bissau e Angola ecoam agora nas escolas de Blumenau. Quem conduz essa travessia cultural é o Coletivo Guingola, um grupo de estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que vem usando a arte para abrir diálogos, derrubar estereótipos e despertar olhares curiosos sobre a África e sua imensa riqueza cultural.
O nome “Guingola” é, por si só, um símbolo de união — uma fusão entre Guiné-Bissau e Angola, países de origem dos integrantes, que encontraram no Brasil um novo território para celebrar suas raízes e partilhar saberes. A ideia nasceu em rodas de conversa e atividades culturais dentro da universidade, como a celebração do Dia da África (5 de maio). A partir dessas vivências, o grupo percebeu a força de ocupar espaços educativos e sociais com expressões artísticas que resgatam memórias, identidades e tradições, construindo pontes entre continentes, tempos e pessoas.
O coletivo é formado por jovens de 19 a 27 anos, vindos de diferentes cursos e campi da UFSC. Cada um traz consigo uma linguagem e uma história — poesia, música, dança, literatura e moda — que se entrelaçam para formar um espetáculo de sentidos.
Integrantes:
Malungo Gabriel Munginga António (Engenharia de Controle e Automação, 6º semestre) – cofundador e preponente do projeto, orador, palestrante e dançarino de ritmos africanos.
Arlindo Udé Ié (Licenciatura em Matemática, 9º semestre) – poeta e cronista.
Victor António Palhais Mungongo (Engenharia de Controle e Automação, 6º semestre) – artista musical.
Domingos Miguel Alberto (Secretariado Executivo Bilíngue, 6º semestre, UFSC Florianópolis) – cantor, baterista, tecladista e guitarrista.
Castro Bedabual Embana (Licenciatura em Matemática, 7ª fase, UFSC Florianópolis) – apresentador de trajes africanos.
Venâncio Domingos Cassua (Engenharia de Controle e Automação, 7º semestre, UFSC Blumenau) – cantor e violonista.
Horiecel A. Felizardo dos Santos (Graduando em Química, 7º semestre, técnico em Química) – músico, toca instrumentos de cordas e teclas.
“Queremos mostrar que a cultura africana não se resume à dor ou à escravidão. Ela é feita de potência, alegria, beleza e criatividade. A cada apresentação, as crianças e jovens percebem que a África também é festa, dança e poesia”, explicam os integrantes.
As apresentações do Coletivo Guingola são encontros vivos e cheios de energia. Começam com uma breve palestra, seguida de perguntas, músicas, danças e poesias — uma imersão sensorial que convida o público a sentir e refletir.
Em uma das escolas visitadas, uma criança disse:
“Eu não sabia que na África também tinha festa e dança. Eu pensava que era só tristeza, fome e guerra.”
Para o grupo, ouvir isso é a prova de que a arte tem o poder de transformar percepções e reconstruir o imaginário coletivo.
Mais do que subir ao palco, o Guingola quer recontar a história da África sob a ótica da vida e da criação, combatendo visões reducionistas ainda presentes no cotidiano — como a ideia de que “a África é um país único” ou de que seus ritmos, cabelos e danças são “exóticos”. Cada apresentação é um ato de resistência e amor, que semeia orgulho, respeito e consciência crítica sobre a diversidade.
Com apresentações já realizadas e novas datas marcadas, o coletivo segue expandindo sua atuação, levando arte e ancestralidade a escolas, universidades e espaços comunitários.
O sonho dos jovens artistas é continuar crescendo — alcançar mais públicos, inspirar novas gerações e reafirmar que a arte é uma ponte entre povos, gerações e saberes.
Escolas visitadas pelo projeto Guingola:
EEB Jonas R.C. Neves, Blumenau – SC, em 24/05/2024
ECIMEED “Cel Pedro C. Feddersen”, Blumenau – SC, em 16/05/2024
EEB Marina Vieira Leal, Gaspar – SC, em 10/05/2024
EEB Prof. Honorío Miranda, Gaspar – SC, em 12/06/2024
EEP Emílio Baumgart, Blumenau – SC, em 20/06/2024
EEB Luiz Delfino, Blumenau – SC, em 14/07/2025
Serviço
Acompanhe o Coletivo Guingola e entre em contato para apresentações:
Instagram: @guingola
O projeto foi patrocinado com recursos da Lei Paulo Gustavo viabilizados pelo Governo Federal.
Texto: Fernando Krieger





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