Contemporâneo designa quem partilha ou partilhou o mesmo tempo, o mesmo período. Somos contemporâneos, irmãos vivendo um período tenso e intenso, de rápidas e profundas transformações, para o bem e para o mal. A cidade é o mais espetacular e complexo artefato já inventado pelo homem, evoluiu desde os últimos 10 mil anos e abriga hoje 60% da população mundial, enquanto os demais 40% estão dispersos pelo mundo rural e natural, concentrados na nobre tarefa de alimentar todos nós. Sendo contemporâneos, além de padecer dos mesmos males e de celebrar as mesmas graças, temos enorme dificuldade de olhar em perspectiva para nós mesmos, analisar o momento histórico presente e ter clareza do que acontece no mundo e no Brasil.
Mas precisamos construir estratégias para fazê-lo, para o bem da humanidade precisamos criar pontos de ruptura, quebrar vários paradigmas e desconstruir o atual modelo de cidades: focado no consumo, consumismo, individualismo, produtivismo, funcionalismo do deus carro, no lucro, na exploração das mulheres e homens, dos recursos naturais e almas.
Neste momento, quando alguns poderosos querem manter tudo como está, temos que buscar inspiração, exemplo e ânimo para essa jornada, talvez com o amoroso Papa Francisco, que lança uma luz sobre toda a humanidade a partir de 3 pilares fundamentais para a vida urbana saudável, feliz e baseada no amor: convivência ecumênica e de igualdade entre todas as religiões e credos; o olhar para os pobres, fracos e excluídos da sociedade; e a defesa e proteção de nossa “casa comum”, através da encíclica LAUDATO SI, o papa critica o consumismo e desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global das ações para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas.
“Gerir áreas urbanas tem-se tornado um dos desafios mais importantes do Século XXI. Jhon Wilmoth, Nações Unidas do Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais. ONU.
E o principal motivo para essa dificuldade são os interesses econômicos de uma minoria, beneficiária de uma enorme concentração de renda e desigualdades crescentes em todo o mundo, principalmente nas cidades, onde quase 1 bilhão de pessoas moram em favelas. “As desigualdades foram criadas pela sociedade, e por nós devem ser resolvidas” (OXFAM). Tal cenário não é natural, não é saudável, e como tal não pode ser aceito, precisamos nos unir para agir imediatamente, mudar!
Diante de graves ameaças, num cenário realista, onde o neoliberalismo, a tecnologia, a revolução digital e a inteligência artificial ameaçam ceifar milhões de empregos; onde a renda, riqueza e propriedade estão cada vez mais concentradas nas mãos de poucos, gerando uma brutal e crescente desigualdade; é possível concluir que não haverá solução para as cidades do século XXI se não questionarmos o modelo econômico vigente e resolver definitiva e completamente as desigualdades crescentes em todo o mundo. Precisamos descobrir uma forma de buscar uma nova era, com cidades mais inclusivas, democráticas, sustentáveis, participativas, sensíveis e fraternas. As transformações acontecem a partir de você, da sua família, no seu bairro, sua cidade, a partir da esperança e vontade de fazer parte de “algo”, da fé e confiança nas ideias e nas pessoas, no outro e na sociedade, esse é o primeiro passo a ser dado por todos nós.
Christian Krambeck, Arquiteto e Urbanista, empresário e professor de arquitetura e urbanismo FURB






Obrigado ao INFORME BLUMENAU, um canal ainda possível minimamente livre e imparcial para que se possa debater a cidade, avançar no contraditório, discordar de forma respeitosa e pública, civilizada, basear argumentos e ideias em fatos, dados, realidade e no interesse coletivo e público, das pessoas, da comunidade… vamos juntos! em paz