Opinião | 8 de Janeiro, um ano depois

Foto: Rodrigo Bittar/Câmara dos Deputados

Falar em excesso contra as pessoas envolvidas no que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023 é uma aberração, mais uma de tantas tentativas de falsear a verdade. As pessoas que lá estavam foram de forma organizada para questionar a legalidade do processo eleitoral de 2022, sem que nenhuma anormalidade que alterasse o resultado fosse constatada.

Aliás, muitas pessoas que estavam lá tiveram os seus candidatos eleitos nos respectivos estados – O PL e outros partidos ligados a Bolsonaro foram os principais vitoriosos entre os novos governadores, senadores e deputados -, mas entendem que as urnas foram “fraudadas” apenas na eleição em que o candidato deles não venceu.

Apelaram para os militares, para Deus e até para os extraterrestres. Acreditaram até que o filho de Bolsonaro assistindo, alegre,  jogo da Copa do Mundo em Dubai logo depois da derrota eleitoral, era uma estratégia para entregar a lideranças internacionais pendrives com informações “importantes” sobre a “situação do país”. Esperaram por várias “72 horas” e elas não chegaram.

Defendiam a liberdade, mas pediam intervenção federal. Invadiram prédios públicos, quebraram, impediram e agrediram. Tentaram colocar bombas e atacaram policiais. Defecaram.

Não souberam perder e revelaram a sua face, que não combina com Democracia. Tentaram ganhar na marra, insufladas, mesmo que de forma escamoteada, pelo seu líder máximo e por outros “patriotas do bem”.

Portanto, ao relembrar um ano de um dos capítulos mais difíceis da nossa história política, não dá para passar pano e priorizar o olhar em um eventual excesso do Poder Judiciário com os envolvidos. Não, quem cometeu excesso foram os manifestantes, sejam eles massa de manobra ou não.

Mas o Poder Judiciário precisa avançar nos financiadores, nos militares que conspiraram contra a Democracia, nas autoridades que deixaram acontecer o que aconteceu e nas lideranças que, de uma forma ou outra, incentivaram a tentativa de Golpe.

Sim, tentativa de Golpe. Leio e ouço lideranças bolsonaristas afirmarem que não é possível definir os atos como golpistas, balela! A manifestação tinha como meta criar uma situação que criasse as condições para as Forças Armadas tomarem às redes do país.

Mas não sabem os ignorantes que as Forças Armadas brasileiras, apesar do seu passado, entendem seu papel na história hoje e não se meteram na aventura golpista, salvo exceções, que precisam ser punidas.

O 8 de janeiro em 2024 deve ser lembrado com a atenção devida. Prevaleceu a Democracia, mas quem a atentou contra ela segue na mesma toada, sem a mesma força, felizmente. Mas merece a atenção.

E responsabilização, depois do devido processo legal.

Alexandre Gonçalves, editor-chefe do Informe Blumenau

 

1 Comentário

  1. Excelente e necessária análise, que nos faz lembrar da importância da vigilância e justiça quando se trata de defender uma democracia!

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