Opinião | Uma eleição sem muro ou sem poste

Imagem: reprodução

Tem mais ou menos trinta dias que o Alexandre Gonçalves, competente editor do Informe Blumenau, me provoca para eu escrever sobre a frente ampla para as próximas eleições em outubro. No Brasil e em Santa Catarina. Eu, como aprendiz rebelde que sou, me esquivo.  De um lado tem o fato que parece que tem um exagero em fazer alianças com quem até esses dias não estavam mesmo barco. Até o Chuchu apareceu por aí cantando a música da internacional comunista.  Do outro, tem meus queridos colegas do PSOL local, não querendo seguir as alianças pragmáticas das direções partidárias. Eles tem uma certa razão, porém se seguirmos as “análises” de alguns deles, a revolução acontece amanhã de manhã.

Esta teimosia misturada pelo excesso de zelo, fez com que no último mês deixasse a coluna sem atualização. Sinceramente não queria me envolver nesta confusão. Até porque toda eleição, o período pré-eleitoral é assim. Aquele frenesi até as convenções partidárias. Discursos calorosos, defendendo as pautas e bandeiras dos partidos. Para depois, na última hora, serem esquecidas. Não sei se o leitor lembra, mas na última eleição estadual, as convenções partidárias das candidaturas foram ignoradas.

Em 2018 a convenção do Estadual do PSDB definiu que o Senador Paulo Bauer seria candidato a governador e o ex-prefeito Napoleão Bernardes seria candidato ao Senado. O Democrata definiu que ex-prefeito João Paulo Kleinübing seria candidato a vice governador na chapa do Deputado federal Espiridião Amim do PP. E o senador Amin foi escolhido candidato a governador forma unânime na convenção do seu partido.  Porém, todos sabemos que João Paulo Kleinübing virou vice de Gelson Merísio e Napoleão Bernardes vice de Mauro Mariani, enquanto Paulo Bauer e Esperidião Amim disputaram o Senado.

As manchetes de política, parecem conto de Nelson Rodrigues.  Tem de tudo, alianças, juras de amor eterno, fotos juntos de mão dadas, abraços e é claro traições.  Até o dia cinco de agosto será assim. Aliás, na política real sempre foi assim. Todos mundo junto até que os interesse nos separe.

O ingrediente deste ano é que talvez, não seja o mesmo.  Desde a redemocratização, está é nossa eleição mais importante.  E desde já defendo que é justo que alguns esperem por uma terceira via. Mas, convenhamos, a turma dos 2% já tentou de tudo. João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Arthur Virgilio (PSDB), Sergio Moro (União), Rodrigo Pacheco (PSD), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Simone Tebet (MDB), José Luiz Datena (PSL) Luciano Huck e etc. Se o número de candidatos já testados na terceira via correspondesse por índice de intenção de votos, eles já estavam no segundo turno. A única coisa que junta todos esses aí é que nós sabemos onde esses estavam quatro anos atrás e quem apoiaram até esses dias.

E peço desculpa ao leitor, mas neste ano, não dá pra ficar em cima do muro. Nem mesmo votar em poste.  O motivo? A democracia e o estado de direito estão em risco. Concorrendo com as manchetes de política saltam as notícias de agressões aos direitos humanos. Em todos os lados, inclusive aqui, quando a residência de uma família indígenas simplesmente desaparece sem justificativa plausível. Em todo o território nacional, o Estado mata a luz do dia. Por ação ou omissão. Como na pandemia, corremos o risco de naturalizarmos isto.

Por essas e por outras, é preciso escolher quem sempre esteve ao lado do estado democrático de direito, defendeu a justiça social, os direitos humanos. E se possível no primeiro turno. Mesmo que para isso precisamos alargar as alianças, tampar o nariz, ou os ouvidos com a desafinação das músicas. E nunca esquecer de limpar a mão com álcool em gel.

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