Opinião: uma convocação à sensatez e à ponderação

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Já de algum tempo temos visto em nosso país um recrudescimento de radicalismos políticos e polarizações ideológicas (as quais trazem extrema preocupação), fato esse que só piorou no último ano e meio com o surgimento da pandemia, exigindo de todos, mas especialmente dos agentes políticos do nosso país, uma chamada à ponderação e o bom senso visando nos fortalecer enquanto nação.

Falando de outra maneira, somente os insensatos não percebem que estamos no mesmo barco, independente do espectro político ao qual façamos parte, tendo por inimigo comum o coronavírus, causador da terrível Covid-19, a qual já ceifou milhares de vidas e tem deixado em outros tantos milhares sequelas as mais terríveis. Infelizmente, muita energia tem sido utilizada não para nos unir, mas pelo contrário, para nos dividir ainda mais, acirrando ânimos em revanches e confrontações totalmente desnecessárias. 

Espaços como o das redes sociais tem se tornado solo fértil para a disseminação dos mais variados tipos de acusações, xingamentos, etc. Se por um lado as mortes são tratadas com frieza e indiferença, sob alegações do tipo “todo dia morre gente, não seria diferente agora”, por outro, percebe-se uma indisfarçada satisfação com o número de óbitos, e isso apenas para “provar” que estavam certos. A verdade é que, entre vitórias e derrotas, travado uma guerra diária como ocorre em tantos outros países.  

Se não podemos contar com esses agentes políticos, já que no final das contas a única coisa que interessa para eles (salvo raríssimas exceções), são conseguir votos nas próximas eleições (e sempre haverá uma próxima eleição), o que nos resta perguntar é, e nós, como estamos agindo enquanto pessoas, seres humanos? E mais, ao final da pandemia, que nação surgirá? Uma melhor, mais solidária ou aprofundaremos ainda mais essas diferenças que não foram causadas por nós, mas da qual somos todos vítimas?  

É verdade, como já falamos, que esse radicalismo e polarização não vem de hoje, mas também é verdade que a pandemia agravou a situação, e está em nossas mãos não a aprofundar, e se possível, fazer cessar. 

Ao invés de darem exemplos para a população, esses agentes políticos passam 24 horas se ofendendo, se atacando, utilizando termos jocosos, ofensivos, fora de contexto, enfim, fazendo tudo aquilo que não se espera dos representantes do povo. Se esses políticos são o reflexo daqueles que os elegeram, vamos então começar a mudança por nós, para ver se assim, de algo ruim e terrível que é a pandemia, surja algo bom, uma nova geração que saiba discutir sem se ofender, discordar sem diminuir a outra parte, ser mais tolerante e menos intransigente. 

Afinal de contas esse acirramento só interessa aos próprios políticos, que se retroalimentam, mantendo um eterno “flaXflu” entre a população, aprofundando não só nossa crise social, mas principalmente nossa crise relacional. Mas não se engane, enquanto alguns “aqui em baixo”, por conta dessas discussões ideológicas chegam até mesmo a romperem amizades e laços familiares, “lá em cima” os políticos nos tratam como simples marionetes, ou vai dizer que você nunca viu políticos que ontem se acusavam mutuamente hoje fazendo elogios mútuos? E isso em TODOS os partidos e matizes políticas.

Depois da “cepa” amazônica, hoje falamos sobre a “cepa” indiana, mas existe uma ‘cepa’ igualmente terrível e perniciosa: uma variante ‘ideológica’ que, ardilosamente inoculada, destrói o diálogo e emperra o saudável debate de ideias, tornando-se uma grave ameaça social que poderá levar a resultados não desejados. 

Carecemos, com urgência, que as lideranças esclarecidas e relevantes desse país, em diferentes instâncias, se empenhem por uma convocação urgente à sensatez e à ponderação. 

Somente um diálogo construtivo, desapaixonado, baseado no respeito mútuo, nos levará a um futuro melhor do que aquele que hoje nos é apresentado.

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