Opinião: tudo como dantes

Imagem: reprodução

George Carlin, nova-iorquino lamentavelmente já falecido, fazia uma crítica social mordaz, ferina e certeira. Dizia entre outras (muitas) coisas que nós somos todos meros espectadores do circo de horrores que se apresenta à nossa volta.

Ele falava da sociedade em que viveu, mas quase tudo se aplica ao mundo todo e agora, mais que nunca, ao Brasil. Dizia que “chamam de sonho americano porque você tem que estar dormindo para acreditar”. Pois é, aqui em nossas bandas tupiniquins fazem de tudo para impedir inclusive que o povo sonhe e tenha esperanças.

Para espanto dos mais antenados, parcela significativa da nossa população continua como que anestesiada pelo bombardeio midiático que desde 2004 debitavam a um partido político todos os males que nos afligem. 

Por outro lado há também, é claro, a nítida impressão de que os estamentos “superiores” da nação pretendem continuar “fazendo” os seus Presidentes da República. Estou me referindo àqueles e àquelas que detém o poder desde as capitanias hereditárias, com os seus nem tão modernos “coronéis” do nordeste ou oligarcas do sul e do sudeste e outros tantos “dignitários” que mantém o país tutelado desde sempre. 

É só observar o esforço que em especial a mídia “grandona” faz para encontrar o substituto para o tal de Minto que, sem outra opção, colocou no poder. Já incensaram o Moro, que ora parece desmoronar, já insinuaram o Huck, há na “zelite” quem suspire pelo Rodrigo Maia e alguns até andam de olho naquele “coronelzão”, que costuma se fingir de progressista, o tal de Ciro Gomes.

Também se fazem presentes nesse verdadeiro picadeiro de circo mambembe que é o atual cenário político verde e amarelo (ainda se pode mencionar nossas cores ou virou propriedade exclusiva dos reacionários?) aquela parcela violenta, virulenta e cheia de preconceitos de toda ordem, alguns terraplanistas, outros saudosos da Revolta da Vacina de 1904 e ainda armamentistas, fanáticos religiosos, “viúvas” das ditaduras, enfim toda uma claque que saiu do armário para fazer “arminha”, vociferar “Mito”, “Mito” em apoio ao cara que conseguiu superar o Collor e o Jânio Quadros em todos os aspectos possíveis e imagináveis. 

Sinceramente não sei se o Bolsonaro é caso de estudo psicanalítico ou se é simples fruto de uma sociedade adoentada em tempos de instituições falidas.   

Enquanto isso vivemos uma crise sanitária alarmante, com reflexos em todas as dimensões e, assustadoramente, repito, não temos governo. Está no poder uma família com uma imagem profundamente deteriorada por denúncias de corrupção e que insiste irresponsavelmente em guerrear contra tudo e todos, tentando a toda hora rasgar a Constituição e afrontar a nação para proteger o seu podre legado.

Enfim, tudo como dantes no quartel de Abrantes ou simplesmente, o inferno de fato existe e é aqui e agora, como sugeriu o Alighieri, aquele do “Inferno de Dante”.

 Pobre Brasil!

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