“Tradições importam, não apenas para aqueles que ocupam cargos, mas para todos os que participam e observam a democracia”. Michelle Obama, uma das mais fortes personalidades mundiais, é bastante enfática em demonstrar o quanto é importante, aos mais pobres, para os negros, mulheres, para todos, encontrar um espelho das suas lutas em espaços de representação. O respeito ao poder individual de escolha, e tudo que envolve esta decisão, também merece luz.
Quando a escuridão domina as idéias, diminuindo o outro, resta é a raiva, o ataque infundado, a falta de compreensão, a xenofobia, o perigo da intolerância, do afastamento do contraditório… o fim da democracia!
Como disse, repito, tradições importam. Não combinam com os ritos do voto, por exemplo, qualquer perseguição a escolha divergente. É fundamental, para manter a jovem democracia brasileira viva, livre, entender que um vence para governar, legislar e, o outro, para formar o time de oposição. Este é o jogo! Esta é a democracia.
No fim do primeiro turno destas eleições, coisas estranhas, na contramão das tradições, ocorreram em Santa Catarina. O tratamento destacado aos povos de outros locais do Brasil, principalmente aos nordestinos que demonstraram um entendimento diferente do sul, é chocante, reprovável.
Política é diálogo, compreensão e convencimento. Tiro, porrada, bomba, agressão e discriminação não fazem parte da construção coletiva.
O Estado catarinense, em essência, é uma salada de estrangeiros, de todos os cantos. Uma mistura que lembra muita a formação do país: indios, europeus, asiáticos, africanos chegando, somando e erguendo toda riqueza… e, ainda assim, um preconceito cristalino – em parte da sociedade – que dói.
É muito triste que, com frequência, as pessoas que ajudam a construir todo progresso sejam atacados por coisas absurdas, como a origem apontar um cep diferente do nativo da cidade, da região. O local de nascimento não define nunca o caráter, a inteligência ou capacidade de um indivíduo. Burrice é pintar um mapa com esta tinta funebre! O endereço, que o acaso enviou aquele sujeito para o mundo, fala muito sobre os obstáculos da vida, as oportunidades (a falta delas) que encontrou ou encontra no caminho.
Percebe que, no fim, esta separação social é muito mais que sobre o voto, ou os escolhidos na urna. Definitivamente a discussão passa por outros espaços, todos democráticos. Diz muito sobre o respeito as opiniões diversas e, também, do desconhecimento geográfico, cultural, político e histórico. Falta um tanto de empatia e compreensão as tradições das pessoas diferentes, de outros cantos, que chegam por aqui.
“Quando nosso tempo acabar, seguimos em frente, e tudo o que restará neste lugar sagrado são nossos bons esforços”. Como disse a Obama, que o sejamos acolhimento, compreensão e respeito as tradições.
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