Opinião | Segurança Pública em 2030

Imagem: reprodução

“A democracia não elimina o poder, mas o torna visível e controlável.

A liberdade e a justiça não são conquistas definitivas, mas tarefas permanentes da humanidade.”

— Norberto Bobbio

Basta! Basta de bravatas, basta de achismo, basta de violência gratuita que não resolve nada, que não melhora a segurança pública, que serve apenas como vingança. Sangue é a solução dos fracos, dos sociopatas, dos oportunistas de sempre que jamais estiveram preocupados em construir soluções verdadeiras para a segurança pública de nossas cidades. Os mentirosos de sempre, que há mais de 50 anos repetem a mesma mentira: “bandido bom é bandido morto!”, voltaram recentemente à cena depois de uma das piores chacinas da história brasileira, uma ação fracassada ordenada pelo Governador do Rio de Janeiro, que não recuperou território, não prendeu as principais lideranças, não interrompeu o fluxo financeiro de nenhuma organização criminosa, não integrou as polícias e não priorizou a inteligência, os objetivos e resultados efetivos, apenas violência e matança, para a celebração mórbida da necropolítica.

Segurança pública de verdade requer muita responsabilidade e políticas públicas, um sistema integrado único nacional, com todos os entes governamentais e polícias cooperando o tempo todo, com muita tecnologia, priorizando inteligência e investigação, provas robustas e paciência para atacar os financiadores, os principais líderes – que jamais pisaram numa favela – os empreendimentos que lavam dinheiro espalhados por todos os estados, na Faria Lima e em alguns bairros nobres do país.  Os governadores têm a responsabilidade constitucional de garantir a segurança pública, assegurando a preservação da ordem, da vida e das liberdades, por meio da direção das polícias estaduais e do respeito aos direitos fundamentais. Ao mesmo tempo, com a evolução e modernização do crime organizado no mundo todo, é necessário construir novos modelos e soluções de integração e cooperação nacional e internacional.

O governo federal propôs a PEC 18/2025, que busca dar status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), criado pela Lei nº 13.675/2018. A medida pretende fortalecer a integração entre União, estados e municípios na prevenção e combate à violência, estabelecendo diretrizes mais claras para a cooperação entre as forças policiais e ampliando a responsabilidade compartilhada pela segurança dos cidadãos. Curiosamente, governadores de oposição, sobretudo de direita, têm resistido à proposta — questionando-se se essa resistência decorre de preocupações legítimas sobre autonomia estadual ou de disputas políticas que acabam enfraquecendo a segurança pública nacional.

Não existe solução mágica, nem ideológica — muito menos a partir da violência pura e simples. A violência de Estado é uma ferramenta excepcional, que deve ser usada apenas em situações específicas e inevitáveis, assim como outros instrumentos legítimos de autoridade. Em alguns casos, é necessária; em outros, torna-se inútil e apenas alimenta o sofrimento e a vingança. Um exemplo claro de resposta equivocada e ineficaz é a tentativa de classificar organizações criminosas como “terroristas”, como se a simples mudança de nomenclatura pudesse resolver o problema. Na prática, essa confusão dificulta o combate ao crime organizado, ao tráfico e às milícias. O que o país realmente precisa é aperfeiçoar as leis existentes, endurecer as penas de forma racional, impedir a impunidade imediata, e investir em tecnologia, inteligência, integração entre forças e no bloqueio dos fluxos financeiros que sustentam o crime.

O futuro da segurança pública no Brasil não será construído por heróis isolados nem por discursos inflamados, mas por uma sociedade que decide cuidar de si mesma. As pessoas querem viver com tranquilidade, confiando nas instituições, nas leis e umas nas outras. Isso exige governantes responsáveis, forças de segurança preparadas — e cidadãos dispostos a participar, fiscalizar e cooperar. A segurança é um pacto coletivo, não uma guerra — fruto da confiança, da justiça e da coragem de todos nós em construir um país firme contra o crime, justo com o cidadão e comprometido com a vida comum, com os direitos humanos e uma democracia cada vez melhor.

Christian Krambeck, arquiteto, urbanista, empresário e professor de Arquitetura e Urbanismo FURB

3 Comentário

  1. Meu artigo para contribuir com o debate e construção coletiva de uma solução inteligente e sustentável, efetiva e definitiva para a SEGURANÇA PÚBLICA no Brasil!

  2. O que o Brasil não precisa é vetar esta PEC 18/2025 , onde o governo atual quer ter o poder de mandar em toda a segurança pública , pois este governo que quer aprovação desta medida , recebe o maior narcotraficante da américa latina com tapete vermelho e seus aliados no STF proíbem a polícia de entrar nas favelas do Rio de Janeiro, onde esta concentrado a chefia das drogas, pois o STF tornou aquelas favelas , quartel general de milícias que atuam no tráfico.O que não precisamos no Brasil é o que temos hoje no governo federal e no STF e demais orgãos que se tornaram “amigos” do crime organizado. Sim , facção tem que ser denominada ” terrorista ” , só assim teremos apoio de outros países para combater estas facções e juntamente aqueles que apoiam e recebem narcotraficantes com tapete vermelho . Hipocrisia entender que a PEC 182/2025 vai ajudar a população , vai ajudar ainda mais as facções e os traficantes , basta tomar como exemplo o Rio de Janeiro , local onde se escondem os chefes do tráfico , polícia não pode entrar . Acredito que partidarismo na política é algo normal, mas imbecilidade tem limites. Só lembrando não tenho político de estimação, não apoio ladrão, não sou partidário , torço para que o país de certo, independente de quem governa , mas jamais vou compactuar com o que temos hoje , seria imbecilidade de minha parte .

  3. Corrigindo …o que o Brasil precisa é VETAR esta PEC 18/2025….

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*