Opinião: política, mesa diretora e a participação da mulher

Foto: Câmara de Gaspar

De fato a eleição de uma mesa diretora não muda o dia a dia das pessoas, não pavimenta ruas, não abre vaga em creche e não melhora o serviço de manutenção, mas ela faz parte do processo político. Esse tipo de eleição é ainda visto de longe pelos cidadãos até porque quem faz a votação é exclusivamente os parlamentares, ou seja, sem a interferência da população. De uns tempos para cá, a própria imprensa vem dando mais visibilidade à essas eleições, especialmente depois dos mandatos de Eduardo Cunha e Rodrigo Maia lá na presidência no Congresso Nacional.

Dependendo da Câmara Legislativa Municipal, essa eleição pode ocorrer anualmente ou a cada dois anos, assim como é na Câmara dos Deputados e no Senado. As mesas diretoras servem para direcionar os trabalhos legislativos e os serviços administrativos das casas e, pode, quando na maldade, segurar projetos importantes para não serem votados e, claro, acelerar o trâmite de outros projetos também. Resumindo, o presidente tem o poder de definir o que é colocado em pauta. Além disso, a mesa diretora é a linha sucessória do Executivo Municipal. Se o prefeito e o vice-prefeito estiverem ausentes ou afastados, quem assume o cargo é o presidente da câmara. O presidente da câmara é o porta-voz do Poder Legislativo e de todos os vereadores. Por isso, a responsabilidade em ocupar o cargo.

Representatividade

Nesta quinta-feira, dia 09, a Câmara de Gaspar elegeu três mulheres e um homem para compor a mesa diretora. A Casa de Leis deu um largo passo na representatividade quando deu espaço à bancada feminina. As mulheres vem ocupando esses ambientes com lentidão. Sem apoio dos partidos e muitas vezes da própria família e dos maridos, a mulher que tem o desejo de participar do processo eleitoral precisa optar, escolher e renunciar muitas coisas.

A vereadora Mara da Saúde (PP), de Gaspar, resumiu bem essa angústia quando disse que “para o homem é fácil pedir voto. Ele chega em casa, toma um café, bota uma roupinha e vai pra rua, mas a mulher não. A gente chega em casa, ajeita a casa, dá comida para os filhos, deixa a roupa do marido lavada e só depois disso tudo é que vamos pensar em pedir voto, por isso muitas desistem. É a dupla jornada”, comentou a vereadora em tribuna.

O Brasil ocupava, em julho, a posição de número 140 no que se refere à participação política feminina, em um ranking que contempla 192 países pesquisados pela União Interparlamentar. O País está atrás de todas as nações da América Latina, com exceção do Paraguai e do Haiti. A Câmara dos Deputados possui apenas 15% de mulheres e o Senado Federal 12%. Já no âmbito municipal, 900 municípios não tiveram sequer uma vereadora eleita nas eleições de 2020 e isso está bem aqui do nosso lado, quando olhamos para os municípios vizinhos e não vemos nenhuma mulher ocupando uma vaga na câmara ou nas prefeituras.

Aos poucos vamos desestruturando a condição de que a política fica em segundo plano para a mulher. Somos tão ou mais capazes de assumir desafios e de transformar a vida das pessoas e para transformar a vida das pessoas a única ferramenta capaz de fazer isso é a política. O exemplo de Gaspar vem para chamar atenção da comunidade, das outras câmaras e dos partidos, que deveriam apoiar – não só de boca – as candidaturas femininas e, quando falo apoiar, é de corpo e alma mesmo, não apenas para compor porcentagem de cota. Com certeza a eleição da mesa diretora de Gaspar foi o momento que esperávamos para mostrar que cor, religião, sexo e altura não fazem o bom ou mal político, mas que eleger mulheres para os altos cargos agrada e muito a democracia!

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