Opinião | Papa Francisco: o homem que lembrou ao mundo que Deus não tem fronteiras

Foto: reprodução

A morte do Papa Francisco não é apenas uma perda para a Igreja Católica. É uma perda para a humanidade. Num mundo polarizado, dividido por muros ideológicos, religiosos e raciais, ele foi uma das poucas vozes com coragem suficiente para dizer o óbvio: todos somos filhos do mesmo Deus – independentemente da fé, da cor, da origem ou da orientação sexual.

Francisco não pregou apenas para os católicos. Ele conversou com muçulmanos, judeus, budistas, ateus. Visitou líderes de outras religiões e mostrou que o diálogo inter-religioso não é ameaça à fé, mas um sinal de maturidade espiritual. Ao pisar em solo muçulmano, como no Iraque ou nos Emirados Árabes, mostrou que o caminho da paz passa pelo respeito, não pela imposição.

Dentro da própria Igreja, rompeu silêncios históricos. Disse que pessoas LGBTQIA+ também são amadas por Deus. Pediu que as portas da Igreja estivessem sempre abertas. Reforçou que a fé não pode ser instrumento de exclusão. Em tempos em que discursos religiosos são usados para justificar intolerância, ele foi o contrário disso: um cristão que falava com a alma de Jesus, e não com a sede de poder.

Francisco também colocou os pobres e os migrantes no centro do altar. Não como estatísticas, mas como gente que sofre. E lembrou que defender a vida começa por garantir dignidade a quem tem fome, a quem foge da guerra, a quem mora na rua. Ele entendeu – e nos ensinou – que a fé verdadeira se traduz em empatia, não em julgamento.

Foi um Papa que incomodou os conservadores, justamente porque não se curvou à tradição cega. Preferiu a coerência com o Evangelho à comodidade dos aplausos. E por isso será lembrado como um revolucionário da ternura, um estadista da compaixão, um líder de fé que foi além da religião.

A morte de Francisco é um chamado à consciência. Ele nos deixa a missão de continuar lutando por um mundo onde as diferenças não sejam motivo de ódio, mas motivo de aprendizado e convivência. Onde a fé não divida, mas una. Onde ninguém seja deixado para trás.

Papa Francisco não foi perfeito. Mas foi humano, profundamente humano. E, por isso mesmo, foi divinamente necessário.

Marco Antônio André, advogado e atividade de Direitos Humanos

2 Comentário

  1. Meus respeitos a este homem de exemplos. Homem de coragem. Meus sentimentos à comunidade católica do mundo e, na verdade, a todos, pois os ideais deste Papa só foram em favor da humanidade, nunca em desfavor. “Riposa em pace”, Papa Francisco.

  2. José Mario Bergoglio, um homem que representava a Igreja católica, com suas opiniões . Foi levado ao cargo de Papa , o maior cargo da Igreja católica por outros cardeais, na maioria , os mesmos que vão escolher o novo representante da Igreja católica . Fez o seu papel como representante da Igreja . Mas um homem , com virtudes e defeitos como todos nós .

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