Opinião | O homem que matou Getúlio Vargas

Foto: reprodução

A morte de Jô Soares abafou parte do noticiário desde o último dia 5, incluindo o aniversário do “Atentado da Rua Toneleiros”, ocorrido em 1954 nesta mesma data. Curiosamente, o “gordo” escreveu sobre o tema no livro “O Homem que Matou Getúlio Vargas”, misturando história e ficção para criar a sua versão para a morte do presidente.

Em literatura, este tipo de escrita é conhecida como “romance histórico”, mas em política uns chamariam de “teoria da conspiração” e outros de “narrativa”. Na realidade, quando o narrador é brilhante, como foi o jornalista e político Carlos Lacerda, as notícias podem acabar sendo usadas para objetivos pessoais. Adversário implacável do governo, sobreviveu ao atentado cometido pelo segurança de Getúlio, que agiu por conta própria. Recuperado, usou a imprensa para colocar o presidente entre a renúncia ou a possibilidade de sofrer um golpe de Estado.
Entretanto, Vargas era um mestre da articulação política. Quando parecia não ter como virar o jogo, se suicidou, mas não deixou o caminho livre. Ele compreendia o poder das palavras e, em uma carta digna dos melhores romancistas, jogou a opinião pública contra seus inimigos: “Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna”. E encerrou: “Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”.
Palavras derrubaram Vargas e com palavras ele se defendeu. A população se revoltou com a tragédia e foi adiado em 10 anos o que viria a ser o golpe, ou revolução de 1964. Pois é, na política há conflitos em que se luta sem usar armas.

“FAÇA HUMOR, NÃO FAÇA GUERRA”

O título do famoso programa de Jô Soares poderia servir como conselho para a deputada americana, Nancy Pelosi. Aparentemente sem muito o que fazer, esta defensora da paz decidiu jogar gasolina na tensão entre China e Taiwan. Foi lá e fez o seu comício. O custo foi a China impor sanções econômicas contra Taiwan, além de iniciar operações militares na região, com mísseis caindo em território marítimo do Japão, aliado americano. Seria um recado? É aquela coisa, antes de morder, o cachorro late…
Na sequência, Pelosi foi até a Coréia do Sul, para discutir o programa nuclear da Coréia do… Norte! Parece piada do Jô, mas não é. Estaria o governo americano sentindo o terreno pelo mundo, depois do vexame da saída do Afeganistão? Joe Biden vai mal nas pesquisas desde aqueles tempos e desviar o foco da opinião pública sempre ajuda. Ele diz que não tem nada com as viagens da deputada. Será? Só o tempo dirá a verdade, mas em uma época com tantos problemas, vale lembrar o compositor Adoniran Barbosa: “bom de briga é aquele que cai fora”.

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