Opinião | O Foro ou “o fora” de São Paulo?

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Toda família tem um encrenqueiro e na Europa esse parente é a Rússia. Enquanto o continente, infelizmente, teve que aprender a lidar com a invasão da Ucrânia, no último dia 24, eles voltaram a perder o sono pela tentativa de golpe no país de Vladimir Putin. Não que alguém se importe com o futuro do presidente russo, mas o fato é que lá é onde está o maior número de ogivas nucleares do mundo e isso diz respeito ao futuro de todos. 

Apesar dos pesares, a vida segue, nem que seja “com passos de formiga e sem vontade”, como naquela música do Lulu Santos, “Assim Caminha a Humanidade”. Porém, se na Europa o horizonte continua cinzento, em nosso amado, colorido e calorento Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os primeiros dados do Censo 2022. Ao todo, somos 203.062.512 brasileiros e esse número importa porque ele ajuda a definir quanto dinheiro a União deve repassar para cada município, nesse país cheio de obras por fazer, mas também cheio de distrações. 

O aperfeiçoamento da democracia? 

Não é só o censo demográfico que reaparece mais ou menos de 10 em 10 anos. Prova disso é a realização do Foro de São Paulo, aquele mesmo que tanto se fala no “ZapZap”. Para quem não lembra, trata-se de um encontro de partidos e organizações de esquerda da América Latina e do Caribe. 

Como promotor do evento, é natural que o PT participe e, nesse caso, microfone para a presidente do partido, Gleisi Hoffman. Entretanto, o Lula precisava discursar? Entre os temas de sempre, estão: “soberania para os países da região”, “imperialismo”, etc. Além do blá-blá-blá, vão abordar também a guerra na Ucrânia e lá vai Lula dar o seu pitaco sobre o tema, de novo. É o Foro ou “o fora” de São Paulo? Show de bola para a oposição que vai deitar e rolar em cima.

Porém, a vida não está fácil para eles também: em meio ao processo onde estão em jogo os seus direitos políticos, Jair Bolsonaro tenta um caminho para o futuro, só que do seu jeito. Caso fique inelegível por oito anos, por tentar “aperfeiçoar o sistema eleitoral”, levantou a possibilidade de se candidatar a vereador. Obviamente seria notícia no mundo inteiro pelo ineditismo de um ex-presidente voltar ao início da carreira política, sem falar na provável votação recorde. Pode parecer estranho, mas se a política tem a ver com as leis, tem muito também do teatro, o que torna importante preencher os espaços, mesmo que alguns escolham fazer isso na base do “falem mal, mas falem de mim”. Enfim, cada um escolhe o seu caminho.

No mais, se a data pode representar o fim das esperanças de Bolsonaro concorrer à presidência em 2026, bora usar a criatividade para levantar essa bola! Aí, haja paciência porque todo mundo quer discursar visando as redes sociais. Entretanto, pode-se escolher: para quem se interessa por política e preferir um programa que não seja o Foro de São Paulo, no mesmo dia, religiosos e parlamentares de extrema-direita organizam o Foro do Brasil, tendo como um de seus líderes o Padre Kelmon. Só por Deus mesmo!

Fernando Ringel, jornalista e professor universitário.

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