Opinião: o dilema do desemprego entre autistas e pessoas com habilidades singulares

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A melhor parte de ter essa coluna é receber o feedback dos leitores!

E essa semana um desses feedbacks foi mais que especial!

Tanto, que rendeu um artigo que publico aqui!

Confira:

O dilema do desemprego entre autistas e pessoas com habilidades singulares

A vida não tem manual de instruções: cada pessoa tem seus dilemas, problemas, desafios, atributos e qualidades. Somos todos variados e nossas jornadas são irrepetíveis.

O que vale para um não pode valer para outro.

E o empresariado sente enormes dificuldades quando o assunto é atrair e desenvolver talentos com a existência de tantas frases de efeito e clichês sobre a indústria 4.0.

O problema adquire proporções ainda maiores quando o tema é autismo e habilidades singulares.

São as seguintes frases que já viraram ideias batidas:

1 – Empresas levam em consideração aspectos emocionais e a disposição da pessoa em aprender na hora da contratação. É sangue nos olhos e faca nos dentes! Contrate caráter e treine habilidades!

2 – Um currículo bem apresentável funciona como um potente pitch: encanta e seduz o departamento de recursos humanos.

3 – Se você não tem experiência, faça trabalho voluntário para assimilar novas habilidades e surpreenda as lideranças empresariais!

4 – Talentos valem mais do que diploma!

Em alguns casos, esses conselhos até funcionam… Mas…

1 – Como o departamento de recursos humanos e a alta gerência vai “medir” o tamanho da disposição da pessoa em querer aprender? Como identificar toda a complexidade do caráter de uma pessoa somente com breves entrevistas e testes comportamentais?

2 – O melhor dos currículos não é capaz de resumir toda a diversidade de habilidades e competências de uma pessoa!

3 – Algumas vezes, trabalhos voluntários não colocam a pessoa numa rota segura rumo ao emprego, pois temos ofertas e modalidades tão grandes de trabalho voluntários que não é sempre que se consegue assimilar as habilidades específicas que a demanda mercadológica pede. Além disso, existe outro risco: você pode acabar não conhecendo o valor (preço) das próprias habilidades e não conseguindo negociar salário com o seu recrutador.

4 – Eis um grande dilema: vale a pena fazer faculdade, aprender na prática, empreender ou arranjar um emprego antes de tudo? Diplomas funcionam como um “controle de qualidade”. Teoricamente, diplomas protegem o mercado de profissionais que não passaram por cursos oficiais e não têm as habilidades necessárias para desempenhar uma função. Logo, algumas empresas ainda pedem diplomas: contratar é um investimento de alto risco, pois a conexão entre empresa e profissional pode render bons frutos ou não.
Os clichês corporativos podem ser barreiras contra o ingresso de pessoas talentosas em empresas. Mesmo um candidato com síndrome de Asperger, apesar do hiperfoco, inteligência singular e pontos de vista inovadores, sofre com a situação.

A compreensão dessas sutis dificuldades pode ajudar as nossas lideranças empresariais a remodelar processos de contratação e desenvolvimento de pessoas autistas. Ampliar o repertório com argumentos consistentes é o jeito para driblar soluções miraculosas.

Por Felipe Gruetzmacher

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