Opinião | Formalidade na Câmara? Nem sempre!

Foto: reprodução

Você provavelmente já viu circulando pelas redes sociais a rifa da ‘Fazendinha’. A última sessão da Câmara de Vereadores de Nova Veneza, no Sul de Santa Catarina, estava seguindo o regimento interno da Casa de Leis normalmente, até que ao fim da sessão, na parte das considerações finais, a vereadora Elisabeth Bortolotto (PP) pediu a palavra para que pudesse fazer a divulgação de uma rifa escolar.

A parlamentar fez a leitura dos prêmios com o objetivo de promover a ação. O que ninguém esperava era que os brindes eram porcos, torresmo, salame, ovos e até uma choca com pintinhos, o que fez os vereadores caírem na gargalhada. Em alguns momentos o presidente, o vereador Evandro Luis Gava (PP), tenta contornar a situação, mas acaba sendo impedido por conta dos ataques de riso.

E, olha, por conta de toda essa repercussão as vendas estão superando as expectativas da escola. Em conversa com o amigo e vereador João Paulo Vitali Cúnico (PSDB), a informação é que até a manhã desta quinta-feira, dia 2, já foram vendidos mais de 15 mil bilhetes para concorrer aos prêmios da agricultura familiar do município. O sorteio será realizado no dia 20 de setembro por meio de uma live.

Sessões legislativas mais próximas das pessoas

Quando a comunidade vai ao plenário de uma câmara fica difícil compreender o motivo da sessão ser tão regrada, sistemática e formal. Toda sessão legislativa é seguida pelo regimento interno da Câmara de Vereadores. O regimento interno é tipo uma pauta. Ajuda o presidente, a mesa diretora e todos os parlamentares a abrir as reuniões, prosseguir com elas e encerra-las. E, sim, não dá para fugir disso, é preciso seguir o ritual. Isso acaba afastando as pessoas da política, pois além delas não compreenderem, sentem que os políticos não falam a língua do povo.

Penso que as sessões legislativas devem estar mais próximas das pessoas. Quebrar um pouco do protocolo é importante e um bom exemplo foi o caso da rifa escolar. Dentro da pauta, as comunicações finais, são as mais informais durante as reuniões. É ali que o parlamentar pode fazer convite de festa, falar das rifas ou fazer qualquer comentário que não tenha sido tratado durante a sessão ou que não precisasse de deliberação do plenário. Agora, claro, quando se fala em deixar as sessões mais próximas das pessoas, não estamos aqui dizendo que a câmara se torne um lugar de brincadeira, embora alguns a tratem assim.

Trazer as sessões, a política mais perto da comunidade é falar a língua dela, é mudar o rito. É mostrar ao cidadão que na tribuna você vai levar o problema dele da forma mais capacitada e séria possível sem precisar usar palavras difíceis. A Casa de Leis exige postura, mas ela também precisa de simplicidade. Na política não há espaço para brincadeira, palavrão, ofensas ou meias palavras, mas sim um local para convicção e sabedoria na hora de tomar decisões que mudam a vida das pessoas, afinal, é um privilégio poder ser eleito e representar a população na democracia.

Se vai demorar para se tornar tão informal? Bom, provavelmente! Mas enquanto isso que saibamos valorizar nossas cidades e os cidadãos, que como no caso da rifa escolar batizada de ‘Fazendinha’, contribuem doando não apenas prêmios, mas também transformando o lugar que a gente mora. Na torcida que a essa rifa de Nova Veneza tenha ainda mais sucesso!

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*