“Renovação” tem sido uma das palavras mais repetidas nas últimas eleições. Uma ideia que normalmente vem acompanhada do desejo de uma “nova política”. Parece que o eleitor possui o desejo de trocar tudo o que está aí. Porém, diferente do que o senso comum pode supor, nos dois últimos pleitos o eleitor tem renovado os nomes que ocupam os parlamentos, tanto na esfera local, como na nacional.
Aqui em Blumenau, nas eleições de 2016, o índice de renovação foi de 67%, todos embalados nos ventos da chamada “nova política”. Em 2018, o fenômeno repetiu-se em âmbito federal, em que 47,37% dos atuais deputados foram eleitos pela primeira vez. O mesmo fenômeno se repetiu no Senado Federal. De cada quatro senadores que tentaram a reeleição em 2018, três não conseguiram. Foi a maior renovação desde a redemocratização do país.
A alcunha de “nova política” foi criada por Marina Silva em 2014. Depois, foi incorporada por candidatos nas eleições seguintes que se apresentavam como novidade no cenário eleitoral. Se retrocedermos no tempo, a nova política é o rescaldo das manifestações de junho de 2013. Uma série de levantes populares nas principais cidades brasileiras, inicialmente contra os aumentos dos valores das passagens de ônibus, que com o passar do tempo ganhou adesões de outros movimentos e transformou-se em uma manifestação contra a Copa do Mundo de 2014 e o desgaste das administrações do PT.
Depois de pelo menos quatro anos, e com a experiência de no mínimo duas eleições, ficam algumas perguntas para o eleitor fazer a si mesmo: Trocar os nomes foi uma boa alternativa? A atual legislatura da câmara de vereadores é melhor que as anteriores? O nosso Senado Federal e a Câmara dos Deputados “renovados” são melhores ou representam melhor o povo brasileiro?
É claro que são perguntas que não possuem respostas únicas. São atravessadas por percepções teóricas e ideológicas distintas. E cada eleitor deve encontrar a sua. Porém, parece ser ponto comum que trocar os nomes não basta. Nunca bastou. A literatura clássica ensina que para um país ou território passar por um processo de desenvolvimento, deve passar por um processo de transformação social a ponto de permitir que novos grupos sociais acessem as esferas de poder e decisão. Parece-me que não é o que acontece no Brasil atualmente. Paradoxalmente, não há renovação, não há nova política e nunca houve. Há somente troca de nomes. O mais do mesmo revestido da pompa das circunstâncias momentâneas.
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