Opinião | Dirlei e eu

Imagem: Informe Blumenau

Repercutiu bastante a entrevista que fizemos com Dirlei Paiz, que ficou nove meses preso, em dois momentos diferentes. No primeiro, em agosto de 2023, por integrar e ter voz ativa, de acordo com o entendimento do STF, um grupo de WhatsApp chamado “Festa da Selma”, que organizou caravanas para os atos em Brasília de 8 de janeiro daquele ano, que culminaram com a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Ele confirma que estava no grupo, mas nega que tivesse participação ativa.

A segunda, em setembro de 2024, quando foi novamente levado ao presídio regional por descumprir as medidas cautelares determinadas pelo STF, entre elas, não usar as redes sociais. Em campanha eleitoral, Dirlei usava as redes da esposa para seguir se manifestando.  Ele foi preso faltando cerca de 20 dias para a eleição, na qual era candidato a vereador pelo PL e obteve 1.795 votos.

Alguns leitores, boa parte amigos, questionaram a abertura do espaço, mesmo em tom de brincadeira. Uns, a demasia de visibilidade.

Honestamente, fiz esta reflexão antes de tomar a iniciativa. Mas entendi que o fato jornalístico se sobressaia.

Dirlei é uma figura pública que teve protagonismo nos últimos anos da política em Blumenau. Se ainda terá, apenas o tempo dirá. Mas ele esteve à frente das manifestações que levaram muita gente para a frente do 23 BI e foi preso duas vezes pelo ministro Alexandre de Moraes. Passou nove meses no presídio regional de Blumenau, uma das piores unidades prisionais do estado.

Não é pouco para buscar ouvir o que ele tem a dizer. E foi esta a intenção minha, para o Informe.

Dirlei Paiz representa a extrema-direita mais raiz na cidade, assim como o vereador Flávio Linhares (PL), este de forma diferente. São os mais radicais, aqueles que defendem seus argumentos e convicções com veemência, mas muitas vezes as justificativas não se sustentam.

A entrevista do Informe dá luz, do ponto de vista de como pensa uma pessoa que, mesmo presa, fez mais de 1.700 votos.

Como jornalista, perguntei o que quis perguntar. E questionei algumas vezes quando a resposta não me parecia convincente.

Dirlei questionou o resultado da eleição presidencial de 2022 — só a presidencial —, disse que as manifestações nunca foram pró-Bolsonaro, que “99% dos detentos no presídio regional eram Lula”, considerou sua prisão bizarra e não respondeu à pergunta sobre o curso que o STF o obrigou a fazer, como uma das penas, que era sobre democracia.

O Informe concorda com Dirlei? Nada.

Mas entende que cumpre seu papel jornalístico ao dar visibilidade ao que ele pensa.

Li um artigo no passado, de um jornalista cujo nome não lembro, por isso peço desculpas, mas dizia que a imprensa não prestou a devida atenção nos primeiros movimentos do então deputado federal inexpressivo Jair Bolsonaro, atribuindo a ele então a imagem de uma figura pitoresca, com poucas chances eleitorais para a Presidência.

Deu no que deu pouco tempo depois.

Alexandre Gonçalves, jornalista e editor-responsável pelo Informe Blumenau

1 Comentário

  1. Um jornalista correto , não tem lado , faz seu papel de jornalista e nada mais.
    Entrevistar Dirlei ou qualquer outra pessoa faz parte da profissão , gostem os leitores ou não .
    Jornalismo não tem lado , traz a notícia …salvo os jornalistas da Rede Globo , estes tem lado e o lado é da cor do boi garantido do folclore amazonense.

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