Opinião: Brasil, um pesado caranguejo

Estamos condenados, como nação, a viver confiados nos anos 2000? Não importa o quanto você entregou de esforço para produzir mais nos últimos 10 anos. Em uma comparação com o mundo, o Brasil parou no tempo, caiu em 2010 e desde então ficou por lá, no chão. A patria amada não entregou desenvolvimento na última década. Um repeteco, mais um tempo perdido em nossa irregular história buscando o progresso.

Voltando no tempo, os brasileiros tinham a expectativa da liderança de grandes empresas puxando o crescimento do país. Em paralelo, surgia a organização de pequenos negócios. Viviamos o sonho do avanço no ranking das potencias econômicas mundiais. Nossa moeda tinha um valor. E as pessoas encontravam um tanto a mais de igualdade nas relações sociais e financeiras. Em algum momento surtamos, perdemos o rumo e não reencontramos mais.

Na última década, muito além dos problemas econômicos e da dificuldade em destravar as alterações que precisam ocorrer para facilitar a vida do cidadão, vivemos as mais graves crises da história da República. Uma confusão imensa entre poderes, uma política afundando em cada nova rodada, as questões sociais deixadas de lado e, principalmente, as relações das pessoas com as diferenças crescendo sem espaço para convergência e conciliação. Problemas éticos, técnicos e morais assombrando os dias. E passaram três diferentes chefes comandando a nação e nada mudou. Aliás, o sentimento nas ruas é de uma febre terminal.

Não podemos encontrar desculpas! Lamentamos, criamos um barulho imenso e não fabricamos o resultado que tanto esperamos. Na briga destes dois anos de Covid-19, por exemplo, não saimos do lugar. O resultado do Produto Interno Bruto – PIB, divulgado nesta semana, demonstra que as discussões atrasaram o combate à doença e também a recuperação econômica.

Chegamos em 2022 sem ao menos a esperança que o país do futuro está próximo. Parece que trancafiamos as expectativas em algum lugar inacessível. Entregando as chaves desta liberdade para lideres políticos que pouco entendem de humanidade, de vida real fora dos gabinetes.

Trilhar um caminho diferente não é simples. Poderia ser bem mais fácil com um pingo de juizo. Menos amor aos nomes e mais apego as ideias. Uma reforma trabalhista que ajude o trabalhador, de fato; uma transformação completa do manicômio tributário que enfraquece a riqueza dos mais carentes; uma reorganização representativa, que aproxime o poder das localidades brasileiras, com mais descentralização; uma constituição menos complexa…

Não faltam opções para começar a melhorar o cotidiano de todos nós. Para a economia, não tenho dúvida, só voltaremos a sorri quando a elite compreender o seu papel de distribuir um tanto do privilégio que herdou. Somente quando conseguirmos devolver o dinheiro para o bolso dos mais pobres é que destravaremos, novamente, as engrenagens do progresso econômico e social. Esta é uma tarefa de Estado, o que inclui todos nós: eleitos ou não!

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*