Opinião: autonomia ao Banco Central não empolga

Foto: reprodução

A aprovação da autonomia do Banco Central brasileiro é importante e indiscutível. O órgão é (ou deveria ser) o responsável por guardar o valor da nossa moeda, zelar pela saúde da economia brasileira e regular a inflação. Logo, estabilizando a base para que todo o setor produtivo gere mais riqueza para o país.

Verdade seja dita: esta não é uma medida deste Governo. É um tema que desde 1991 está rolando no Congresso. Vários Ex-presidentes do Bacen construíram esta agenda. Destaques para Armínio Fraga e, especialmente, para Henrique Meirelles que, quando Presidente, no Governo Lula, impôs uma independência ao órgão que, de certa maneira, foi seguida por aqueles que o sucederam.

Alguns fatos curiosos cercam este momento, hoje celebrado por muitos. Não dá para esquecer a reprovação que Marina Silva, quando candidata à presidência, sofreu. Na ocasião, ao apresentar a ideia de independência do Banco Central, foi massacrada por defender o óbvio: mais credibilidade, mais liberdade, mais responsabilidade para que os técnicos, como Ilan Goldfajn, pudessem fazer o seu trabalho e conferir ao povo, investidores e mercado de capitais, a tranquilidade de uma moeda forte, de uma estabilidade econômica… com plena autoridade para utilizar todas e quaisquer ferramentas, ainda que extremas e impopulares, para atingir as suas metas de mandato público.

A aprovação do parlamento brasileiro para que o BC tenha mais autonomia, por mais simbólica que seja, não empolgou o investidor estrangeiro. No momento de votação da matéria, ao invés de conferir ao Real um ganho de valor importante, dado o peso que representa a medida, a realidade foi de dólar subindo, com investidores retirando daqui o seu dinheirinho.

Parte da insegurança atribuída ao país está na desconfiança nos repetidos gestos que carregam incertezas quanto aos rumos da política monetária. A alteração na lei, ao que parece, não conferiu garantias de uma mudança de rumo do que está posto até aqui. Com isso, o Real segue como uma das piores moedas do mundo. Com volatilidade comparável à de uma criptomoeda. Nossos juros longos precificam um risco, um selo de pagador duvidoso, muito pior que as piores empresas americanas.

A aprovação de independência do Banco Central foi uma vitória para sociedade. Porém, ao menos por enquanto, não traz alívio para os crescentes problemas enfrentados por nós, brasileiros, no dólar, no financiamento das contas públicas e na inflação.

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