Opinião | Até quando vamos aceitar ser menores que os nossos sonhos?

Imagem: reprodução

Blumenau e o Vale do Itajaí vivem um paradoxo cruel: enquanto nossa gente trabalha, sonha e constrói, quem governa parece determinado a encolher a cidade, reduzir seu potencial e recusar tudo aquilo que a faria crescer. O que estamos testemunhando é mais do que negligência — é um projeto político baseado na recusa, na pequenez e na cegueira ideológica.

Nos últimos anos, perdemos oportunidades valiosas oferecidas por governos federais liderados pelo PT. Não por falta de recursos, projetos ou apoio, mas porque a extrema direita local decidiu que era melhor dizer “não” do que aceitar algo vindo de quem pensa diferente. E, com isso, deixaram a população sem acesso à saúde, moradia e dignidade.

As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), prontas para serem implementadas, foram recusadas pela Prefeitura simplesmente porque eram uma política federal criada por um governo petista. Não importava que pudessem salvar vidas, desafogar hospitais e atender quem mais precisa. O que pesou na balança foi o cálculo ideológico. O mesmo ocorreu com a Casa de Parto que a nossa cidade foi contemplada, mas foi recusada — maternidade que poderia atender mães e bebês de forma humanizada e segura, diminuindo a mortalidade materna — ignorada e descartada. Perdemos ainda 196 apartamentos do Minha Casa Minha Vida porque o município não viabilizou um terreno. Isso mesmo: 196 famílias que poderiam hoje ter um lar foram deixadas de lado por um governo local que prefere manter a coerência ideológica a cuidar das pessoas.

Agora, assistimos estarrecidos ao risco de perder uma policlínica completa, avaliada em R$ 30 milhões, com recursos assegurados pelo Governo Federal. Seriam mais atendimentos, especialidades médicas, diagnósticos e vidas salvas. Mesmo assim, ela está sendo rejeitada com o mesmo desprezo pelas oportunidades que já virou marca registrada dessa gestão.

E o mais absurdo é ouvir desses mesmos gestores o velho discurso de que “Brasília não devolve o que Blumenau paga em impostos”. Mas a verdade é outra: Brasília mandou, e eles recusaram. Rejeitaram saúde. Rejeitaram moradia. Rejeitaram equipamentos públicos porque vieram de um governo que combatem, mesmo que isso custe vidas e sonhos. E que fique claro: o ex-governo Bolsonaro, tão exaltado por esse grupo, não enviou nada relevante para Blumenau ou para o Vale do Itajaí — nenhuma grande obra, nenhum programa transformador, nenhum investimento expressivo. O legado foi apenas descaso, negacionismo na pandemia e turismo pago com dinheiro público.

O que está acontecendo não é falta de apoio federal. É uma decisão política local de manter a cidade de joelhos, de negar a mão estendida, de colocar a ideologia acima das necessidades do povo. É uma escolha de governo — e uma escolha errada.

Diante disso, é impossível não lembrar de Lindolf Bell, poeta nascido no Vale e morador de Blumenau, que dizia com firmeza:
“Menores que nossos sonhos não podemos ser.”

E, no entanto, é exatamente isso que os governos locais estão fazendo com Blumenau: tornando a cidade menor que seus sonhos, menor que a grandeza de ser a terceira maior economia do estado, mas tratada como “a última roda da carroça”, como dizia o ex-governador Luiz Henrique da Silveira.

Estão diminuindo nosso futuro, rejeitando nossas possibilidades, sabotando o desenvolvimento da cidade em nome de um projeto mesquinho, personalista e ideologizado. E nós, como sociedade, estamos deixando isso acontecer. Estamos normalizando a mediocridade, aplaudindo a recusa, aceitando ser governados por quem prefere a inércia à cooperação, o conflito à solução.

Mas Blumenau não nasceu para ser pequena. O Vale do Itajaí tem história, força produtiva e gente criativa e trabalhadora. Não podemos continuar aceitando ser encolhidos por governantes que se recusam a enxergar além das próprias trincheiras políticas. O povo daqui não cabe mais nessa lógica pequena.

Se queremos um futuro à altura da nossa história, precisamos romper com a cultura da recusa, da sabotagem e do orgulho partidário acima da vida. Precisamos retomar o que é nosso por direito: o sonho de uma cidade grande, digna e justa — como Lindolf Bell nos ensinou.

Porque uma cidade que aceita ser menor que seus sonhos já começou a morrer por dentro.

Jean Volpato, vereador, jornalista, historiador e especialista em gestão estratégica em Políticas Públicas

2 Comentário

  1. O vereador da extrema esquerda poderia informar se o governo anexou ao projeto da Policlinica quais os valores e quem fará a manutenção e custeio da unidade.
    Dizer que tem 30 milhões para construção e equipamentos é fácil, o dinheiro é nosso , mas informar quem vai manter , como vai manter isto ninguém informa. Não precisamos de esmolas do governo Federal , somos um dos estados que mais arrecada e o que volta é ninharia.Do governo do PT não queremos nada , aliás , queremos , que saiam do governo o mais breve possível . Pelas urnas , mas somente pelas urnas esse é o nosso sonho .

  2. Sem comentários, tanto à mesquinhez do governo local, quanto à cegueira do comentário acima!!

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*