Opinião | A direita está perdida – e Lula deu a volta por cima com um telefonema de Trump

Foto: Ricardo Stuckert/GOVBR

A direita brasileira vive um labirinto que ela mesma construiu. Depois de anos orbitando em torno da família Bolsonaro, a chamada direita democrática parece sem rumo, incapaz de se libertar da armadilha que criou: o bolsonarismo. O movimento virou um culto, trocou ideias por lealdades pessoais e transformou adversários em inimigos. Enquanto isso, Lula, o presidente que a extrema direita tentou enterrar politicamente, recebe um gesto que embaralha o tabuleiro — uma ligação cordial de Donald Trump.

O telefonema, confirmado pelo Planalto e noticiado pela Agência Brasil, durou cerca de 30 minutos e surpreendeu pelo tom amistoso. Segundo o governo brasileiro, foi o próprio Trump quem iniciou o contato, e Lula pediu o fim da sobretaxa de 50% imposta pelos EUA a produtos nacionais. O vice-presidente Geraldo Alckmin considerou a conversa “muito positiva”, e o próprio Lula disse ter ficado surpreso com a cordialidade do ex-presidente americano (Agência Brasil; Investing Brasil). O gesto mostra pragmatismo: o presidente que era chamado de “comunista” conversa com o símbolo máximo da direita global — e isso desmonta narrativas simplistas.

Enquanto Lula age com estratégia e diálogo, a direita se perde em brigas internas e idolatria. O bolsonarismo, que nasceu da raiva e se alimenta do conflito, hoje sufoca qualquer tentativa de reconstrução política à direita. Ele destruiu pontes, isolou o Brasil internacionalmente e deixou suas lideranças reféns de um discurso que não se sustenta sem fake news. Criaram um movimento que vive de negar, não de propor. Agora, se quiserem sobreviver, precisarão escolher entre continuar presos à caricatura de um “mito” ou reconstruir uma direita moderna, com projeto, ética e racionalidade.

A ligação entre Trump e Lula é mais do que um gesto diplomático: é um símbolo de maturidade política. Enquanto o presidente americano escolhe conversar com Lula, a direita brasileira continua gritando em bolhas e se afastando do debate real. O mundo está mudando, e quem ficar preso ao bolsonarismo vai desaparecer com ele. O futuro é incerto, mas uma coisa é clara: se a direita democrática quiser voltar a ser relevante, precisa se libertar do seu próprio refém — Jair Bolsonaro. Porque, enquanto ela se perde em cultos e ressentimentos, Lula mostra que ainda sabe jogar o jogo da política de verdade.

Marco Antônio André, advogado e ativista de Direitos Humanos

2 Comentário

  1. Perfeito ! mas infelizmente aqui em Santa Catarina, ainda tem espaço para o Bolsonarismo a ponto, de colocar um filho carioca da Clã, ao invés de um legitimo catarinense, e com o apoio de um Governador que se diz catarinense!

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