FIESC diz que não há motivos econômicos e nem políticos para o tarifaço de Trump, mas pede política internacional neutra

Foto: FIESC

Santa Catarina é um dos estados mais afetados pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. A FIESC emitiu uma nota, onde pede ao Governo Federal que busque resolver o impasse pela diplomacia e analisa a decisão por três aspectos.

Pelo econômico, diz que não há justificativa, destacando o superávit da balança comercial entre os dois países, pró-Estados Unidos. Pelo político, a FIESC diz que o Brasil é um país soberano e suas decisões, certas ou erradas, devem ser respeitadas. E sobre a política internacional do governo brasileiro, sinaliza que deveria ser mais isenta e que se posiciona, recorrentemente, em posição de desalinhamento com os EUA.

Confira a nota:

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) avalia que a tarifa de 50% anunciada pelo governo norte-americano para as exportações de produtos brasileiros vai prejudicar severamente embarques para os Estados Unidos. O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, reitera a necessidade de manutenção dos canais de negociação pela diplomacia brasileira, sob pena da situação se agravar com o cancelamento de investimentos no Brasil. Avalia que é necessário trabalhar com serenidade pela melhor solução e considerando os interesses do Brasil.

A decisão precisa ser avaliada sob três aspectos: sob o ponto de vista econômico, não há justificativa para a aplicação desta taxa, já que os Estados Unidos registram superávit há décadas na balança comercial com o Brasil; o segundo aspecto diz respeito às políticas domésticas, o Brasil é um país soberano e suas decisões, certas ou erradas, devem ser respeitadas; por fim, ao invés de adotar postura neutra em relação à diplomacia internacional, o Brasil repetidamente assume posições de desalinhamento com os Estados Unidos.

Embora não se tenha detalhes sobre a medida, a perspectiva de taxação deixa a indústria em alerta. “A implementação da tarifa anunciada nesta quarta, de 50%, compromete a competitividade dos produtos catarinenses, uma vez que países concorrentes em setores relevantes para a pauta exportadora de SC podem ser submetidos a taxas bem inferiores”, frisa Aguiar.

Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações catarinenses. No ano passado, o estado embarcou para lá US$ 1,74 bilhão, na sua maioria itens manufaturados, como produtos de madeira, motores elétricos, partes de motor e cerâmica.

EUA têm superávit de US$ 256,9 bi com Brasil
Brasil e Estados Unidos sustentam uma relação econômica robusta, estratégica e mutuamente benéfica alicerçada em 200 anos de parceria. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o aumento da tarifa terá impacto significativo na competitividade de cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos.

O país norte-americano mantém superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos. Somente na última década, o superávit norte-americano foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. Incluindo o comércio de serviços, o superávit americano atinge US$ 256,9 bilhões. Entre as principais economias do mundo, o Brasil é um dos poucos países com superávit a favor dos EUA.

A CNI aponta também que a entrada de produtos norte-americanos no Brasil estava sujeita a uma tarifa real de importação de 2,7% em 2023. A tarifa efetiva aplicada pelo Brasil aos Estados Unidos foi quatro vezes menor do que a tarifa nominal, de 11,2%, assumida no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).

2 Comentário

  1. Fiesc sendo Fiesc, o cenário nacional é crítico e não se trata de política e economia apenas. A coisa é maior, as discussões vão além de $$$$, ou o empresariado se manifesta e se posiciona ou logo logo não teremos mais “democracia”. Acordem!!! Empresários, em grande parte, os senhores são também culpados por termos chegado a esta situação.

  2. Soltaram a nota mas não falaram nada da família do inelegível que trabalhou para isso acontecer. É muita cara de pau.

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