Entidades expõem dificuldade de acesso ao crédito e falta de mão de obra qualificada na Câmara de Blumenau

Foto: CMB

A Frente Parlamentar em Defesa de Políticas Públicas para os pequenos empreendedores de Blumenau se reuniu no plenário na manhã desta terça-feira (22) pela segunda vez no ano. Estiveram presentes o presidente, vereador Almir Vieira (PP), o vice-presidente, vereador Bruno Cunha (Cidadania) e o relator, vereador Carlos Wagner – Alemão (PSL). Também participaram da reunião Maurício Rossa, representante do SIMMMEB – Sindicato Patronal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico, e o diretor dos núcleos setoriais da Associação de Micro e Pequenas Empresas de Blumenau (AMPE), Thiago Pamplona S. Müller.

Assista aqui ao vídeo na íntegra da reunião da Comissão.

O presidente Almir Vieira iniciou o encontro ressaltando que um dos setores mais atingidos pela pandemia é o setor de eventos, no qual muitas pequenas empresas estão inseridas. “A intenção dessa Frente Parlamentar é estreitar relações entre empresários, vereadores e entidades para juntos desenvolvermos projetos que atendam às necessidade desses empresários que estão desassistidos, e que essas propostas sejam encaminhadas aos governos municipal, estadual e federal, se preciso for”.

O representante do SIMMEB, Maurício Rossa, disse que existem 180 empresas de Blumenau associadas ao sindicato, sendo que em torno de 130 delas têm menos de 20 funcionários. Relatou que em pesquisa recente o sindicato identificou que o setor sentiu os impactos da pandemia, mas conseguiu reagir até rapidamente. Ressaltou que a produção nesse segmento é diversificada, e que as maiores demandas dos pequenos empresários são relativas a capital de giro e fluxo de caixa. “é preciso que essas empresas tenham condições de acessar recursos com juros baixos ou condições diferenciadas de pagamento”.

Outro problema apontado por Rossa foi a falta de mão de obra qualificada. “Estamos construindo junto com o Senai possibilidades de qualificação. Precisamos do apoio do poder público, de parcerias público-privadas, para alavancar recursos para garantir essa qualificação de pessoas que vem de outros setores ou até de outros lugares do Brasil e do mundo”.

Apontou que Blumenau é a maior produtora de bicicletas da América Latina, produzindo mais de 120 mil bicicletas/mês. “A cidade também é polo de fabricação de transformadores e de móveis e utensílios hospitalares”, acrescentou, ressaltando que valorizar o setor industrial gera muitos empregos e renda.

Thiago Müller, da AMPE, assinalou que a entidade representa quase 700 empresas e MEIs do município. Apontou que a pandemia tem se arrastado como um período complicado para muitas empresas. “As pequenas e micro empresas, via de regra, têm uma capacidade financeira mais curta e mesmo as mais bem capitalizadas se viram com esse capital reduzido pelos efeitos da pandemia”, relatou. Disse que uma das necessidades fundamentais dessas empresas é o capital de giro para que elas continuem funcionando.

Assinalou que existe um núcleo de eventos na AMPE e que esse setor precisa de um socorro urgente. “O acesso ao capital é indispensável, mas normalmente esse crédito é um pouco complexo, pois garantias são exigidas e os juros são altos. Para uma empresa que está há 18 meses sem faturar o acesso a esse crédito muitas vezes é impossível. Por isso a ajuda do poder público em entender essa situação e estender a mão é indispensável”.

O vereador Bruno Cunha ressaltou a importância dessa ponte do Legislativo com a sociedade civil no sentido de encontrar soluções para essas empresas. “O setor privado é que move de verdade a sociedade, gera a renda e possibilita a manutenção estruturas como por exemplo a Câmara. Vivemos um momento ímpar em que é necessária a união dos governos na liberação de crédito e na criação dos procedimentos para que isso ocorra de fato”. Ele também apontou que estava anotando as demandas para transformá-las em indicações da Frente Parlamentar e encaminhá-las aos órgãos responsáveis.

O relator da Frente, vereador Carlos Wagner – Alemão, falou de sua experiência pessoal enquanto pequeno empresário, ressaltando sua preocupação com a falta de mão de obra qualificada. “O jovem infelizmente não está se preparando para o mercado de trabalho. De cada 10 que são empregados, não fica um”.

Comentou ainda sobre a dificuldade de crédito. “Em 32 anos nunca consegui um empréstimo do BNDES, que por exigir garantia real é mais voltado para empresas grandes”, disse. Exemplificou que no comércio quase nenhum empresário é dono do imóvel, e por isso não tem como oferecer o imóvel como garantia.

Apontou que na última segunda-feira (21) o governo do estado liberou um montante a ser emprestado às empresas que sofrem com a pandemia a juro zero. Falou ainda sobre a linha de crédito do Badesc, sem garantia real, e que os detalhes dessas operações precisam ser detalhadas à população. “As pessoas desanimam por conta da burocracia envolvida, e parte do problema é a falta de informação”, disse.

Apontou ainda as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que trabalhavam em eventos, em especial os garçons, que estão sem auxílio pela dificuldade de comprovar vínculo, uma vez que viviam de trabalhos temporários. “A ideia é buscar, talvez com a prefeitura, uma maneira de ajudar essas pessoas durante essa crise que sabemos que irá se estender possivelmente até o fim do ano”.

Ao final, ficou definida que a próxima reunião da comissão será realizada no dia 20 de julho, às 10 horas. Serão convidados representantes do Badesc, do BNDES, da Secretaria da Fazenda do município e de entidades de todos os segmentos, a fim de debater e desmistificar as burocracias envolvidas nos processos de concessão de crédito às pequenas empresas.

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