Editorial: Democracia acima de tudo

Foto: USP/Reprodução

Parece incrível que, 37 anos depois de termos superado a Ditadura, o Brasil volte a se manifestar em defesa da Democracia. Ou melhor, ter que defender a democracia por conta de ameaças golpistas e não buscar alternativas de ampliar a democracia para esferas além da política, buscando a redução nas desigualdades sociais e o equilíbrio das relações sociais.

Nasci um ano depois do Golpe Militar de 1964. Minha infância e adolescência foram vividas em meio a Ditadura, filho de pai militar. Neste mais de meio século de vida, perpassei a evolução da sociedade mundial, que não permite mais espaço para retrocesso. Não existe mais a dicotomia entre capitalistas e comunistas e os fantasmas que vieram juntos nos anos 1960 e 1970.

A Democracia hoje é contestada por quem existe graças a ela, independente das posições. Trump, Bolsonaro e seus asseclas são o que são por conta dos regimes democráticos e, ao chegarem ao Poder, passam a criar narrativas contra o processo que os colocou lá. Por mais contraditório que possa ser, Bolsonaro é fruto da trajetória do processo de redemocratização deste país.

O Brasil não surgiu em 2018. Não é possível desconsiderar a história da civilização, criar narrativas que questionam a ciência e tudo que foi construído ate agora. Precisamos avançar e não retroceder, tendo sempre como base a verdade. Formato da Terra, vacinas e urnas eletrônicas, para ficar em apenas três temas, são temas vencidos pela história.

Vamos olhar para frente.

O Brasil não é da esquerda, da direita, do centro, dos governantes de plantão. É dos brasileiros, não dos fanáticos, dos extremistas, dos lunáticos.

É dos democratas. E são eles, através de sua maioria, que escolhem quem querem para os representar politicamente durante quatro anos – oito, no caso do Senado -, mas esta escolha não dá direito a descontruir o que foi construído ao longo de mais de 500 anos. Quem é eleito, como qualquer cidadão, precisar respeitar o Estado Democrático de Direito.

45 anos depois daquele longínquo 1977, o Brasil lê uma nova carta em defesa da Democracia, assinada por cerca de 900 mil pessoas, pessoas de diferentes tendências ideológicas, camadas sociais e formação educacional e cultural. Naquele 1977, vivíamos a Ditadura, que ainda perdurou por mais oito anos, com a volta da possibilidade de eleger um presidente apenas em 1989.

Aprendemos, avançamos, temos muito a caminhar nas nossas potencialidades, mas uma coisa é certa. Não há mais espaço, aqui e no mundo, para aventuras golpistas.

Neste ano de 2022 escolha, soberanamente seus candidatos a presidente, senador, governador, deputado federal e estadual. Siga suas convicções, mas, apesar delas, pesquise, se informe e não seja leviano com seu país e com você.

E tenha certeza. O voto da maioria, seja qual ele for, será soberano.

 

 

 

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