CoronaVac é segura e induz resposta imune, aponta estudo das primeiras fases de teste

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Um estudo feito com 743 pacientes mostrou que a vacina CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac contra a Covid-19, e que está em testes no Brasil, mostrou segurança e resposta imune satisfatória durante as fases 1 e 2 de testes. O artigo foi publicado nesta terça-feira, 17, na revista científica “The Lancet”.

A fase 2 dos testes de uma vacina verifica a segurança e a capacidade de gerar uma resposta do sistema de defesa. Normalmente, ela é feita com centenas de voluntários. Já a fase 1 é feita em dezenas de pessoas, e a 3, em milhares. É na fase 3 que será medida a eficácia da vacina.

Os participantes eram adultos saudáveis de 18 a 59 anos e foram escolhidos aleatoriamente para receber duas doses da vacina experimental: dose baixa de 3 microgramas, dose alta de 6 microgramas, ou placebo. Segundo a pesquisa, as respostas de anticorpos foram induzidas no prazo de 28 dias após a primeira imunização.

O que diz o estudo:

Fases 1 e 2 envolveram 743 voluntários saudáveis na China, de 18 a 59 anos. Na fase 1, foram 143; na fase 2, 600.

Vacina tem duas doses e parece ser segura e bem tolerada.

Efeito colateral mais comum relatado foi dor no local da injeção.

Objetivo principal desta etapa da pesquisa foi avaliar a resposta imune e segurança da vacina.

Estudo não avaliou a eficácia na prevenção da infecção por Covid-19.

Novos estudos serão necessários para testar a vacina em outras faixas etárias, bem como em pessoas que tenham condições médicas pré-existentes.

“Nossas descobertas mostram que a CoronaVac é capaz de induzir uma resposta rápida de anticorpos dentro de quatro semanas de imunização, dando duas doses de vacina em um intervalo de 14 dias”, disse o professor Fengcai Zhu, autor principal do estudo.

Resposta dos anticorpos

O estudo não analisa a taxa de eficácia da vacina, que representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado. A pesquisa avaliou a resposta imune gerada, dado que não necessariamente garante a eficácia da vacina.

Ao analisar a resposta imune, o estudo da fase 2 focou apenas na quantidade de anticorpos. Os pesquisadores não avaliaram também o comportamento das células T (ou linfócitos T), que também fazem parte do sistema imunológico e são capazes de identificar e destruir células infectadas.

De acordo com a pesquisa, a taxa de anticorpos neutralizantes encontrada no sangue dos voluntários esteve abaixo do que é encontrado em pacientes que já foram infectados pela Covid. Os níveis ficaram entre 2,5 e até seis vezes abaixo do verificado em pacientes infectados.

A revista The Lancet, que ouviu os pesquisadores, afirma que os cientistas chineses acreditam que a CoronaVac pode fornecer proteção suficiente contra COVID-19 com base em suas experiências com outras vacinas e dados de seus estudos pré-clínicos com macacos.

A doutora em microbiologia Natalia Pasternak que não participou do estudo, comenta que o dado por si não revela o potencial de proteção da vacina.

“O índice de anticorpos está menor do que a imunidade natural, mas temos que entender como eles fizeram esta comparação. Ainda não sabemos qual é o correlato de proteção. Ou seja, não sabemos a quantidade de anticorpos que é necessária para ter proteção”, explica Natália Pasternak, pesquisadora da Universidade de São Paulo.

Terceira fase de testes

Atualmente, a CoronaVac está na terceira e última fase de testes, quando é avaliada em humanos. No Brasil, o grupo de voluntários é formado exclusivamente por cerca de 10 mil profissionais de saúde, mas a meta é ampliar a pesquisa para 13 mil voluntários, incluindo crianças e idosos. Até outubro, 15 mil vacinações já haviam sido aplicadas. Cada voluntário deve receber duas doses.

“A CoronaVac pode ser uma opção atraente, já que pode ser armazenada em refrigeração padrão, como a vacina da gripe. Ela também pode ser armazenada por até três anos, o que ofereceria algumas vantagens para a distribuição. No entanto, os estudos de fase 3 serão cruciais antes de qualquer recomendação”, disseGang Zeng, um dos autores do estudo.

Fonte: G1

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