
Nos últimos dez anos houve um crescimento de cerca de 30% nos problemas emocionais e psicológicos em Blumenau. Outro ponto crítico é o número de pessoas aguardando atendimento psicológico na rede pública municipal, estimado entre 6 e 8 mil. Estes foram um dos dados mais alarmantes apontados durante a realização da primeira reunião da Comissão Especial de Saúde Mental da Câmara de Blumenau na manhã desta terça-feira, 10.
A situação da saúde mental dos moradores de Blumenau foi discutida entre lideranças políticas, profissionais da área e especialistas do tema durante a reunião. A comissão foi proposta e é presidida pelo vereador Bruno Cunha (Cidadania)
“Esses dados reforçam a urgência de tratarmos a saúde mental como prioridade de política pública. Nossa comissão nasce com esse compromisso: ouvir especialistas, dar visibilidade ao tema e construir, junto com a sociedade, propostas concretas para acolher e cuidar da nossa população. Precisamos romper tabus, ampliar o diálogo e fortalecer a rede de apoio para que ninguém se sinta sozinho”, destacou o vereador Bruno Cunha, presidente da comissão.
Estiveram presentes compartilhando informações e experiências o enfermeiro e coordenador do Caps, Márcio Aramburu, a enfermeira Simone Martins, coordenadora municipal da Atenção Especializada, Deisi Maria Sedrez Theiss, supervisora de Serviços de Atenção Psicossocial, e Franklin Fischer e Jonathan Krueger, idealizadores do movimento Janeiro Branco em Blumenau. Os vereadores participantes foram Marcelo Lanzarin (PP), Cristiane Loureiro (Podemos), Silmara Miguel (PSD) e Bruno Win (Novo).
Os profissionais relatam que, entre cerca de 10 casos acolhidos diariamente, de dois a três envolvem tentativas de suicídio — um dado preocupante que escancara a urgência de reforçar e reestruturar a rede de saúde mental do município.
A pandemia teria agravado significativamente essa situação, alterando o perfil dos usuários, especialmente entre adolescentes, que hoje demonstram quadros de sofrimento intenso, já a partir dos oito anos. Relatos de educadores indicam que muitas crianças enfrentam isolamento, ausência de diálogo e vínculos familiares frágeis, o que compromete seu desenvolvimento emocional.
O maior atendimento dos profissionais de saúde em Blumenau no que se refere a pessoas que tentam o suicídio é de jovens na faixa etária entre 18 e 30 anos.
Diante desse cenário, foi defendida a transformação do Caps II em Caps III, modelo que permite internação de curta duração e um atendimento mais completo dentro do próprio serviço, com base em uma lógica de acolhimento humanizado e especializado.
Os profissionais também reforçaram a importância da integração entre os serviços da rede, como atenção primária e o apoio de instituições parceiras, como universidades e o CVV (Centro de Valorização da Vida), além da necessidade de sensibilizar os servidores públicos para uma abordagem mais empática e menos mecanicista diante do sofrimento psíquico.
A comissão seguirá com reuniões pelos próximos três meses e pretende propor medidas práticas para ampliar a atenção à saúde mental no município, com base nas escutas e diagnósticos trazidos pelos profissionais da área.
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