Seminário em Santa Catarina propõe criação de Observatório da Saúde Mental dos Profissionais de Saúde

Foto: divulgação

A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados realizou nesta segunda-feira,1º, a partir de requerimento da deputada federal Ana Paula Lima (PT), o Seminário “Saúde Mental das Trabalhadoras e dos Trabalhadores da Saúde de Santa Catarina”, que resultou na proposta de criação do Observatório da Saúde Mental dos Profissionais de Saúde, entre outras deliberações regionais e nacionais. O observatório proposto vai reunir e sistematizar dados que embasem políticas públicas, ações preventivas e soluções estruturais para o enfrentamento do adoecimento mental dos profissionais da Saúde.

O evento ocorreu no Auditório Antonieta de Barros da Assembleia Legislativa de Santa Catarina com a presença de centenas de trabalhadores da Saúde, especialistas em saúde mental e representantes de instituições e organizações representativas da área. Ficou definido ainda, a partir dos debates, a realização de um segundo seminário estadual e a sugestão de um seminário nacional sobre o tema.

A iniciativa teve o apoio da Comissão de Saúde da Alesc, presidida pelo deputado Neodi Saretta (PT). Profissionais da linha de frente, gestores públicos e entidades de representação discutiram sobre as estratégias de acolhimento e promoção do bem-estar no ambiente de trabalho. Durante o encontro, foram apresentados dados alarmantes do Ministério da Saúde e do Ministério do Trabalho que apontam o aumento de afastamentos por ansiedade, depressão e síndrome de Burnout entre trabalhadores da saúde.

Santa Catarina ocupa, atualmente, a quarta posição nacional em licenças médicas por transtornos mentais e comportamentais. “É grave que um estado reconhecido por sua qualidade de vida tenha tantos profissionais da saúde adoecendo. Quem cuida da população está exausto e precisa de suporte”, afirmou a deputada Ana Paula Lima.

Participaram como palestrantes Maristela Azevedo (presidenta do Coren-SC), Fabiana Gonçalves Felix (presidenta do CRP-SC), Nereu Sandro Espezim (presidente do Sindisaúde-SC) e Marcelo Kimati Dias (diretor do Departamento de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde), além de representantes do Conselho Nacional de Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde, do Conselho Regional de Medicina e demais entidades profissionais. Cada instituição apresentou diagnósticos e propostas, reforçando a urgência de políticas públicas articuladas.

Ana Paula afirmou que o adoecimento mental é impulsionado pela sobrecarga de trabalho, equipes reduzidas, exposição à violência, jornadas extenuantes e ausência de suporte institucional consistente. “Cuidar de quem cuida é um imperativo ético e político. Os dados mostram que entre 30% e 40% dos profissionais de saúde no Brasil apresentam sintomas de ansiedade e depressão, chegando a 50% entre trabalhadores da enfermagem, especialmente mulheres. Isso não é estatística: são vidas impactadas”, disse.

Observatório

Com a criação do Observatório da Saúde Mental dos Profissionais de Saúde, será possível consolidar informações para orientar políticas públicas, fortalecer ações de prevenção e assegurar condições dignas de trabalho. A deputada também reafirmou seu compromisso em transformar as demandas do setor em iniciativas legislativas e articulações junto ao Ministério da Saúde e ao Ministério do Trabalho. “Este seminário inaugura um processo. Seguiremos mobilizados para garantir um SUS mais forte e ambientes laborais mais humanos para quem dedica a vida a cuidar dos outros”, disse.

Ao final do encontro, ficou evidente que o seminário se consolida como um marco na construção de soluções coletivas para enfrentar o adoecimento emocional no setor em todo o Brasil. Com a realização futura de um segundo encontro estadual e com a proposta de um seminário nacional, Santa Catarina se posiciona na vanguarda da discussão sobre saúde mental na área da saúde.

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