Tudo piora o trânsito, e assim, depois de mais uma semana conturbada, tenho escutado essa pergunta constantemente: por que o Seterb só faz as obras em horários de pico?
Numa semana, tivemos um congestionamento anormal porque a Celesc efetuou uma obra na Martin Luther; menos de uma semana depois, devido à homologação dos equipamentos eletrônicos do centro de Blumenau, um novo congestionamento. Isso sem considerar as obras nas ruas Dois de Setembro, Dr. Pedro Zimmermann, BR-470 e mais uma dezena delas interferindo, mas que já nos acostumamos.
Novamente se fez a pergunta: por que a SMTT (Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte), antigo Seterb, faz essas obras durante o dia e não em algum horário alternativo que pudesse prejudicar menos o trânsito?
Por que não fazer à noite, no fim de semana, fora do horário de congestionamento? Parece que sempre fazem para prejudicar o cidadão.
Aparentemente, na opinião pública, a SMTT, juntamente com as outras secretarias e empresas que executam serviços e obras de manutenção das vias, se unem para prejudicar o já difícil trânsito de Blumenau.
De antemão, é importante destacar que essa é sempre uma discussão complexa e uma dificuldade constante, inclusive para cumprir cronogramas, dias e horários combinados. Os motivos são diversos, e o que parece simples, muitas vezes se complica por razões inusitadas ou até impossíveis de solução imediata.
Que fique claro que, para a SMTT e, consequentemente, para a Guarda de Trânsito, são justamente eles os maiores interessados em minimizar os impactos causados por essas intervenções. Por serem responsáveis pelos cuidados com as vias do município e por estarem na linha de frente diante da sociedade, acabam sempre preocupados com essas situações, intermediando conversas, sugerindo ajustes e, em alguns casos, suspendendo ou modificando cronogramas das obras.
Sabendo que as intervenções podem ser planejadas ou não, há muitas que são feitas de forma emergencial, para corrigir um problema fora da programação.
Nesses casos, é comum que situações envolvendo problema no abastecimento de água, energia, desbarrancamento, buracos ou sinistros gerem uma necessidade urgente de intervenção, sem aviso prévio, pegando todos de surpresa. Cabe então ao órgão de trânsito apenas administrar os prejuízos que essas ações inevitavelmente causarão, amenizando os impactos e garantindo a segurança.
No caso das obras planejadas, dois fatores costumam ser determinantes na definição dos horários: o custo operacional e a segurança.
É frequente o argumento de que executar obras à noite aumentaria demasiadamente os custos, tanto pela logística quanto pela necessidade de pagar adicionais aos trabalhadores e inclusive essa previsão orçamentária não constaria no edital de licitação.
Já no quesito segurança, o risco aumenta exponencialmente, tanto para os operários quanto para motoristas e pedestres.
A própria homologação do Inmetro nos medidores de velocidade, realizada recentemente em Blumenau, é um exemplo disso. Ainda que pudesse, em tese, ser feita à noite, essa hipótese é evitada, pois, em outras ocasiões, quase ocorreram atropelamentos devido à velocidade dos veículos e ao fechamento parcial das vias.
Além disso, o Inmetro não permite a realização desses testes nos fins de semana, restando à SMTT apenas se adequar aos horários possíveis.
Hoje conversei com o engenheiro de uma empreiteira que presta serviços para diversos municípios da região. Perguntei por que as obras de pavimentação e manutenção viária não são realizadas à noite, e a resposta envolveu uma série de fatores técnicos e operacionais, e até já relatado aqui, mas reafirmando o que já foi dito.
Quais motivos as empresas preferem fazer as obras de dia.
O principal motivo é que as usinas que produzem o asfalto não funcionam 24 horas por dia. O material precisa ser aplicado ainda quente, em uma temperatura específica, o que impede o transporte por longas distâncias ou entre cidades. Por isso, as obras acabam dependendo diretamente do horário de funcionamento dessas usinas.
Outro ponto destacado foi o custo adicional. Em geral, as prefeituras não pagam o adicional noturno aos trabalhadores, o que torna inviável manter equipes atuando durante a madrugada.
Há ainda a questão do barulho: obras noturnas em áreas urbanas acabam gerando incômodo e reclamações dos moradores, o que também limita a execução fora do horário comercial.
Em resumo, tudo aquilo que já sabíamos: a combinação entre a falta de estrutura das usinas, os custos trabalhistas e as restrições urbanas faz com que a maior parte das obras precise ser feita durante o dia e isso, inevitavelmente, impacta o trânsito das cidades.
E onde entra o Seterb nessa história?
Uma coisa é quase certa: em regra, quem mais leva a culpa no caso, a SMTT , é quem menos intervém diretamente no trânsito. Que fique claro que dificilmente haverá uma obra da própria secretaria; normalmente, ela está presente apenas para dar apoio, garantindo a segurança e a melhor fluidez possível, mas raramente é a responsável pela intervenção em si.
No dia a dia, é comum que obras sejam suspensas, adiadas ou interrompidas por determinação dos agentes de trânsito, chefias e pela própria SMTT, seja por congestionamento excessivo ou por risco à segurança viária.
Em todas as ocasiões, há um esforço para que as obras comecem após as 8h, sejam interrompidas entre 11h30 e 13h30 e terminem antes das 18h. Contudo, nem sempre isso é possível, pois ajustes dessa natureza podem dobrar o prazo de execução o famoso “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come”.
Também é frequente que obras se estendam além do horário programado, por motivos diversos: necessidade de secagem do material, aproveitamento do clima, descoberta de novos problemas, falta ou excesso de insumos, entre outros imprevistos.
Isso tudo em situações que se diferem entre as situações planejadas ou não.
Nas obras planejadas, a situação é mais controlada, mas sempre há exceções. Já nas emergenciais, as decisões podem ser instantâneas, priorizando a segurança e tentando causar o menor impacto possível, mas sempre haverá.
Vale ressaltar que, conforme o Código de Trânsito Brasileiro, veículos de utilidade pública ( luz intermitente de cor amarela ) têm prerrogativas especiais para parada e estacionamento e às vezes acabam abusando dessa prerrogativa. E, embora a SMTT tenha a palavra final sobre as demandas das vias, muitas vezes as necessidades ultrapassam as disposições legais, cabendo ao diálogo político e institucional ajustar as soluções, de modo que as obras sejam concluídas com brevidade e segurança, tanto para os trabalhadores quanto para os usuários das vias.
No fim das contas, o trânsito é um organismo vivo, em constante adaptação. Entre a urgência das obras, o planejamento orçamentário e a impaciência dos motoristas, há sempre um ponto de equilíbrio difícil de encontrar.
A SMTT não é inimiga do cidadão, mas parte essencial de uma engrenagem que tenta, todos os dias, manter Blumenau em movimento mesmo quando as circunstâncias insistem em deixá-la parada.
Com o trânsito não se brinca.
Lucio R. Beckhauser, Agente de Trânsito, Especialista em Direito de Trânsito
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Pior! A celesc chega cortando TODOS os cabos conectados aos postes! TODAS as empresas da região ficaram sem Internet por vários dias! Isso é inadmissível!
Conversei com os técnicos eles falaram que é sempre assim. Porque não combinar isso com as empresas que dependem disso? As operadoras pagam à celesc para usar os postes e nós pagamos para usar o serviço.
estamos a mercê de administradores que fazem as coisas da forma querem e não estão nem aí com a população de Blumenau.um desrespeito total com quem paga seus iptu e impostos ..o certo é cada bairro ter um representante pra marcar uma reunião com os vereadores e cobrar uma solução definitiva pra melhorar os atendimentos pro povo de Blumenau.
Sr. Lúcio; suas ponderações estão bem fundamentadas. Parabéns !!!
Tenho minha opinião!
Cheguei em Blumenau no meio do ano de 2013 para morar , minha família ja estava aqui desde 2008. Sendo natural do Rio de janeiro-RJ.. considero Blumenau, em relação ao trânsito, “cidade grande”.. ou podemos dizer, uma capital! Se olharmos para algumas obras de infraestrutura das “nossas” capitais.. veremos que muitas obras/manutenções são realizadas durante a noite/madrugada, justamente, para “fugir” do horário de pico. Temos muitos veículos que transmitam por Blumenau e se pararmos para reparar nas placas.. veremos carros dos municípios de: Gaspar, Pomerode, Indaial, Timbó, etc. Veículos esses que diariamente estão presentes em Blumenau.. as vezes usando apenas por passagem.. mas estão la.
Não conseguiu justificar a incompetência e o descaso do poder público para com o cidadão pagador de imposto. Não querem ter gastos adicionais preferindo transferir esses gastos para o cidadão blumenauense com atrasos em compromissos, perca de negócios, perca de produtividade e tudo mais no lombo do povo. Não existem desculpas, existe sim competência e respeito ao cidadão. O resto é mimimi.