Rodovel se pronuncia sobre rompimento do contrato

Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau

‘”Em pouco mais de 40 anos de existência, foi a primeira vez que a a empresa atrasou um pagamento.”

A frase é de Victor Roza e refere-se ao décimo terceiro salário de 2015 para os trabalhadores da Rodovel, empresa comandada pelo pai e fundada pelo avô, lá em 1974. Estudante do curso de administração da FURB, atuava como engenheiro de tráfego na empresa da família.

Victor nos recebeu na garagem da empresa, no bairro Velha. Confesso que foi triste. Ver quase 60 ônibus parados no pátio com poucas pessoas organizando as coisas com aquele ar de fechamento. Também no olhar deste jovem de 21 anos, que me conduziu para o refeitório praticamente entregue às moscas.

Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau
Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau

Ele representa o pensamento da família. Se sentem lesados pela Prefeitura. Falam, com todas as palavras, que apresentaram opções ao Governo e que , mais de uma vez, o prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) e seus assessores acenaram com a possibilidade de uma caducidade parcial, no caso do Siga e da Glória, mantendo a Rodovel e Verde Vale.

Victor afirma que a Rodovel só não pagou décimo-terceiro salário por conta da intervenção da Prefeitura na Glória e no Consorcio Siga.  Os dois empréstimos junto a Blucredi, para pagar os salários atrasados da Glória, com a chancela do Siga, teriam inviabilizado a possibilidade de Rodovel e Verde Vale buscarem dinheiro em bancos. Victor garante que, pelo menos nos últimos anos, é comum as empresas recorrerem a empréstimos para pagar o décimo.

Victor Roza garante que a Rodovel apresentou uma proposta de assumir a parte da Glória com recursos de um investidor de Minas Gerais. Segundo ele chegariam 30 ônibus por semana, a partir do dia 25 de janeiro, totalizando 150 até o final de fevereiro. Seriam veículos com idade da frota entre 3 e 5 anos. A proposta, segundo o filho do proprietário, teria sido apresentada na semana que antecedeu o decreto de caducidade total do Siga.

Ele garante que a Prefeitura sempre estimulou a Rodovel e Verde Vale a buscarem parceria de fora.  Diz que o eventual parceiro de Minas Gerais chegou a conversar com o prefeito Napoleão Bernardes. Além dele, participaram ativamente das negociações o secretários  de Gestão Governamental Paulo Costa e Carlos Lange, presidente do Seterb.

O jovem lembra também as condições desiguais apresentadas para as empresas do Siga e para a Piracicabana: “eles já vieram com a tarifa reajustada e sem precisar arcar com custos extras, como a manutenção e segurança dos terminais, cerca de R$ 450 mil mês”. Estes valores serão pagos pela Prefeitura, pelo menos neste período de emergência.

A Rodovel atuou no sistema de transporte coletivo de Blumenau desde 1974 e contava com uma frota de 62 ônibus e 300 funcionários. Era responsável por 21,5% da operação do sistema. Compraram 10 ônibus novos nos últimos três anos e a idade da frota ficava entre 6 e 7 anos.

Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau
Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau

Na Justiça

O advogado Newton Janke, primeiro Procurador do Município na gestão de Napoleão Bernardes, é o advogado da Rodovel (e também da Verde Vale). Ele lembra que as ações judiciais serão tomadas também em parceria com o jurídico do Consórcio Siga, no caso Antônio Carlos Marchiori, também advogado da empresa Glória.

Segundo Janke, é possível perceber inconsistências no decreto de emergência assinado pelo prefeito e  serão questionadas judicialmente.  Entre os pontos está a regularidade do processo de dispensa de licitação para trazer a Viação Piracicabana e as condições diferenciadas para ela operar nesta fase, mesmo em situação de excepcionalidade.

“Se as atuais empresas recebessem o mesmo benefício que a Viação Piracicaba”, é também o questionamento do experiente advogado, lembrando a manutenção dos terminais, os pátios públicos para receber a frota da nova empresa, o reajuste da tarifa e até a publicidade nos ônibus. De acordo com Newton Janke, o novo contrato prevê a receita da venda de “bus door”direta para a Piracicabana, quando antes ia para os cofres da Prefeitura.

Também destacou os prejuízos para Rodovel e Verde Vale com a intervenção feita pela Prefeitura: “o empréstimo, feito em nome do Siga para pagar os atrasados da Glória,  fez as duas empresas menores perderem crédito junto aos bancos”, afirmou, lembrando que o período coincidiu com o pagamento de três folhas salariais – novembro, dezembro e décimo-terceiro -,  que para piorar, vieram com reajuste de mais de 10%.

Foi no período que Newton Janke era Procurador do Município que houve a estranha transação que permitiu a venda da empresa Nossa Senhora da Glória para o empresário José Eustáquio Urzedo. Questionei ele sobre se a Prefeitura não fez vistas grossas naquela época, em 2013. Ele garante que logo que soube buscou explicações sobre o negócio e que, no segundo semestre de 2013 não houve alteração do controle acionário da maior operadora do sistema. Janke diz que a mudança no nome do sócio só apareceu na Junta Comercial no primeiro trimestre de 2014, quando ele já tinha desembarcado do governo Napoleão.

Vale lembrar que a mudança de dono de uma empresa que presta serviço público só pode ser feita com a concordância do poder concedente, no caso a Prefeitura.

Foto: Alexandre Gonçalves/informe Blumenau
Foto: Alexandre Gonçalves/informe Blumenau

11 Comentário

  1. Se aceitaram fazer parte de um CONSÓRCIO, OBVIAMENTE, assumiram toda a responsabilidade com relação a quebra de contrato, além de ser notório que a GLÓRIA já vinha a algum tempo com dificuldades financeiras. Simplesmente fizeram uma negócio de Grego, entrar em um consórcio com uma empresa capengando e aceitar ficar inviabilizadas junto às instituições financeiras se ela (Glória) não honrar seus compromissos. Desculpa a sinceridade, mas, que furada.
    E outra, se existe um investidor, nada impede de participar do novo processo licitatório (não a RODOVEL, pois deverá ser inabilitada por quebra de contrato), que acredito que acontecerá ainda esse ano.

  2. Algumas considerações preciso fazer:
    1- Que contrato foi esse que as 3 empresas do SIGA assinaram, para formar o consórcio, que não previa a possibilidade de retirar uma das empresas que porventura apresentassem problemas ou não tivessem capacidade de cumprir o contrato, e sua parte fosse assumida pelas empresas que estivessem em condições? No mínimo, muito mal feito e pensado.
    2- Por que formar um consórcio com uma empresa que já estava com problemas, por que não procuraram outra empresa pelo menos mais sadia financeiramente ? “Gidion”, talvez ?
    3- Se ouve realmente a tal proposta feita pela Rodovel de colocar 150 carros(ônibus) no sistema em pouca mais de dois meses, por que não foi feito antes, esperaram o sistema praticamente quebrar para depois fazer a proposta, e por que não foi documentada, ou seja por que não seguiram os tramites legais; apresentar um plano de ação e protocolar nos gabinetes dos Sr. Prefeito e Presidência do Seterb. Assim agora poderiam realmente estar reclamando de alguma coisa, pois dessa maneira é só falácia sem prova. Por que não vieram a público com esta proposta? Por exemplo, a informação que nos foi passada internamente, é de que a Rodovel apresentou um proposta, na sexta-feira, um dia antes da quebra do contrato, de um empréstimo de cinco carros de “um amigo” , para substituir parte dos 27 carros apreendidos da Glória???? E então, quem mente??? E quem fala a verdade???

  3. TEMOS QUE ENTENDER QUE É ANO DE ELEIÇÃO, AÍ SE SABE MUITO BEM QUE, UMA EMPRESA BANDIDA COMO ESSA PIRACICABANA, QUE TEM INÚMEROS PROCESSOS, E, QUEBRA DE CONTRATO POR FRAUDE EM LICITAÇÃO EM VARIAS CIDADES BRASILEIRAS, PODE MUITO BEM ESTAR FINANCIANDO A PRÓXIMA CAMPANHA DESSE PREFEITINHO PLANTADOR DE FLORES, MAS AÍ ATÉ SE PROVAR, É OUTRA COISA, MAS SABEMOS QUE TEM, SE NÃO ISSO TUDO NÃO ESTARIA ACONTECENDO, IMAGINEM NÓS CIRCULANDO COM NOSSO CARRO DE COR VERDE NOS DOCUMENTOS, E PINTADO DE BRANCO, E COM A PLACA IRREGULAR, O QUE ACONTECERIA, MOTORISTA PRESO, CARRO PRESO, HABILITAÇÃO PRESA, MUITA MULTA, PORÉM A PIRACICABANA PODE E NINGUEM FAZ NADA, ENTÃO GENTE, TA MAIS QUE CLARO QUE AÍ TEM, E TEM MUITO, OU QUANTO VCS ACHAM QUE CUSTA UMA CAMPANHA PRA PREFEITO, À, E QUEM VCS ACHAM QUE VAI GANHAR A LICITAÇÃO PRA CONTINUAR EM BLUMENAU? DICA TEM VARIAS LATAS DE LIXO CIRCULANDO PELA CIDADE!!!!!

  4. Infelizmente quem mais sai prejudicado é a população que necessitam do transporte público…ônibus que deixam a desejar…ficam horas nos pontos esperando sem a certeza se chegará no horário em seus compromissos…

  5. O povo pagando novamente cm essa sucatas que estão andando seterb obrigou a glória pintar de amarelo os ônibus que teriam vindo de outra empresa de Mauá e porq piracicabana anda de branco ônibus altos isso tudo porq prefeito vereadores e muitos funcionários municipais vao de carro ao local de trabalho não utiliza o essas sucatas que estão ai ano de eleição acorda Blumenau

  6. “O jovem lembra também as condições desiguais apresentadas para as empresas do Siga e para a Piracicabana: ‘eles já vieram com a tarifa reajustada e sem precisar arcar com custos extras, como a manutenção e segurança dos terminais, cerca de R$ 450 mil mês’. Estes valores serão pagos pela Prefeitura, pelo menos neste período de emergência.
    ‘Se as atuais empresas recebessem o mesmo benefício que a Viação Piracicaba’, é também o questionamento do experiente advogado, lembrando a manutenção dos terminais, os pátios públicos para receber a frota da nova empresa, o reajuste da tarifa e até a publicidade nos ônibus. De acordo com Newton Janke, o novo contrato prevê a receita da venda de “bus door”direta para a Piracicabana, quando antes ia para os cofres da Prefeitura.”
    Ta ai a verdade, a Piracicabana veio e recebeu benefícios que reduzem e muito as despesas, a questão é, antes o Siga não tinha estes benefícios, mas se tivesse com certeza iria ter mais lucro, até leigos compreendem a fórmula: Lucro=Receitas-Despesas. Contudo parece que o objetivo era acabar com o Siga, quando estão contra você não tem muito o que fazer, especialmente se forem pessoas de poder. Justiça seja feita!

  7. Será que o tal juiz e advogado da rodovel, não passou pelo município pra ter informação privilegiada? Será que ele sabe que existia um consórcio e sabe o que significa consórcio?

  8. Essa Glória com esse jurídico já não é de hoje que falam e fazem besteira. Lembrando que o advogado deles (Marchiori) falou em uma reportagem que a passagem teria que ser no valor de R$4,20!!! Claro, porque ele e os filhos dele nunca andaram de onibus. A Rodovel e a Verde Vale só ficaram encomodadas no final do ano, sendo que não é de hoje os problemas da Glória, por que eles mesmo não tiraram a Glória? Porque achavam que iam ficar o resto da vida operando e ninguém ia fazer nada. Infelizmente essa Piracibana é horrível e os horários estão piores e com esse calor está insuportável.

  9. Minha indignação total com a atitude do Sr Prefeito. Fez tudo isso achando que a população não precisa de ônibus. São inúmeras linhas que não estão circulando. Hoje fui levar minha diarista para o terminal para esperar a linha da Presidente, pois poucas linhas estão funcionando Divisa Indaial. Nossa funcionária que vem da Vila Itoupava, tem chegado todos os dias tarde, e vai para ponto de ônibus antes das 6 horas da manhã, sendo que sua mãe acaba tendo que trazê-la até a Itoupava Norte, porque simplesmente os ônibus não passam mais no seu ponto de ônibus. Isto é transporte de qualidade? Tem que ter paciência? São inúmeras pessoas gastando com sua condução para chegar ao trabalho, pois a crise é grande e estão acontecendo muitas demissões e tudo isso o nosso prefeito deve estar por fora.

  10. O valor de R$ 450 mil já foi rebatido pela prefeitura, ademais, as empresas do consórcio SIGA tinham uma vantagem sobre a Piracicabana muito maior do que esse dinheiro, se chama concessão do transporte público por mais 12 anos (se não me engano). A Piracicabana veio, fez um investimento monstruoso no inicio e não tem certeza se vai ficar pois o contrato é de 6 meses.
    Então pra mim isso ai é mi-mi-mi de quem vendeu a alma pro diabo, digo, pro João Paulo Kleinubing, o pai do SIGA.

  11. As eleições estão aí,então todos já sabem,a resposta a uma irresponsabilidade e infantilidade.

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