Pertencer ou não pertencer… eis a questão!

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suzana sedrez

Suzana Sedrez

Psicóloga, Dra. em Educação, Mestre em Ciências Sociais

 

Padecemos de pertencimento. Aquela sensação de estar nalgum lugar e fazer a diferença por estar ali. Até entre quem tenha por função discutir esse tipo de sentimento não há consenso.

Geralmente, varre-se a questão para debaixo do divã. Esse mal estar   precisa ser silenciosamente recalcado. Falar dele suscita valores que se sobrepõem ao tal sentimento.

Claro, somos imperfeitos e tudo, afinal, depende do ponto de vista.

No entanto, se aparece a fala, algo fica explicitado. O que fazer com algum incômodo do dito? Responsabilizar-se, lutar, avançar… poderíamos pensar.

Entretanto, mesmo sem fala, esse incômodo traz consequências como a do não pertencimento. Assim, tudo fica como está. Alguém, então, sofre com suas palavras ditas ou não ditas e/ou suas ações postas em movimento ou não.

O sentimento fica ali, engasgado, sempre querendo sair, mudar tudo, mas  volta para ser novamente lacrado. Há um faz de conta de que está tudo bem… “alô! voltei… estava fora do ar”… e vamos continuar brincando no jogo de cena para não encarar o ato de frente.

O ato de escolha: pertencer ou não pertencer? Pactuar ou não pactuar? Transformar ou não transformar?

Algumas escolhas nos tornam solitários. Solitários nos grupos de escolhas. Dá trabalho viver se esquivando de escolhas solitárias. Dá trabalho fingir escolhas também. Dá trabalho repetir padrões previsíveis de conduta nos grupos de escolha. Dá trabalho sub existir. Dá trabalho viver e fazer escolhas.

Nesse ínterim envelhecemos. Foi-se uma vida sem ou com escolhas de pertencimento. Sobretudo uma vida permitindo que outros escolham sobre nossas escolhas.

Sintomas do nosso tempo.

Um tempo em que narrativas estão em disputa cujas escolhas estão cada vez mais seletivas, misóginas, elitistas e midiáticas. Momentos decisivos em que o retrocesso expressa Estado de exceção, ditadura interina, e desconstitucionalização de conquistas de pertencimento históricas.

Um assalto à democracia. Um golpe parlamentar urdido à luz do mundo, sobre a esquerda. Hoje desmascarado, enquanto farsa política, visando blindar políticos de aluguel.

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