O que revela Joesley Batista

A expectativa para a semana que encerrou era pela denúncia do procurador Rodrigo Janot contra Michel Temer. Ela precisará de apoio político para avançar no STF. São necessários 2/3 dos votos dos deputados federais para que o processo vá para o Supremo, 342 dos 513 parlamentares.

Ela não veio, ainda, mas o final de semana traz a reportagem exclusiva da Revista Época com Joesley Batista. É mais um ingrediente no caldeirão político, jurídico e institucional que o país vive.

Conhecido antes como o empresário emergente, com trânsito na mídia e entre os políticos, Joesley continua com prestígio, mas agora como criminoso delator.

Criminoso, sim. Isso é a primeira “revelação” de Joesley. Ele é bandido confesso, não é mocinho. Não é vítima. É corruptor. Beneficia-se diretamente. Quando mais fala, mais compromete-se. Entendemos o acordo de delação, mas a impunidade não pode fazer parte das cláusulas.

Uma revelação clara também trazida a tona por Joesley Batista é a relação dele com a imprensa. Suas duas últimas “aparições” foram, ao mesmo tempo, cirúrgicas e devastadoras, em absoluta articulação com alguns veículos de imprensa e também com setores do MPF e da Justiça Federal interessados no vazamento de determinadas informações.

Joesley escolheu com quem negociar. No Ministério Público Federal e na imprensa.

E agora denuncia seus antigos pares. O foco é o PMDB e o PSDB , sem esquecer o PT. Lula fica no segundo plano neste momento, para os holofotes focarem em Michel Temer e Aécio Neves.

Um é o o chefe da maior quadrilha e o outro era o segundo que sonhava em ser o primeiro. Esta é a “revelação” do final de semana.

Mesmo com todas as denúncias envolvendo o sistema,  a criminalização do PT e o afastamento da sigla da estrutura de poder, as relações promíscuas permaneceram, deixando claro que não eram exclusividade petista.

Essa é uma revelação que choca. Assim como José Dirceu, ex-todo poderoso da sigla da estrela vermelha, nem com tanto escândalo e ação policial o pessoal parou o esquema de corrupção.

Mostra que a falcatrua ultrapassa uma sigla partidária e tem raiz num sistema de Governança Pública falido.

A cúpula do PMDB que comanda o país está nas páginas da revista Época. Temer, Cunha, Geddel, Moreira Franco, Henrique Moreira Alves. “É o grupo deles”, desnuda o empresário falcatrua na entrevista “exclusiva”.

Que também desnuda o papel de Aécio Neves, o queridinho de quase um terço da população em 2013.

A revelação mais importante é que não há mocinho nesta história. PT, PMDB, PSDB estão envolvidos neste mar de corrupção, assim como o PP, PSD, DEM e tantos outros.

Algumas lideranças, representando essas siglas, se locupletaram da máquina pública ao lado de empresários inescrupulosos e construíram um grande sistema de malversação de dinheiro público e crimes.

Sem uma cor partidária exclusiva.

Por fim, a última revelação que nos provoca os movimentos de Joesley Batista é o silêncio, em especial em Blumenau. A cidade, que foi referencia contra o PT e a corrupção, parece estar contente com alcançar apenas parte da tarefa.

2 Comentário

  1. Nenhum partido é corrupto, é apenas uma sigla , pilantras são seus componentes , independente da sigla partidária . São pessoas sem caráter e dignidade , são o lixo da sociedade , tanto o corrupto quanto o corruptor e todos que se beneficiam da corrupção .

    Mas o que mais chama a atenção , são os partidários do PT e dos partidos aliados que também não vão as ruas , estão quietos porque ?

    Não é para ir as ruas depredar e furtar como fizeram em Brasilia, somente se manifestar de forma pacífica , como gente civilizada .

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