O melhor lugar para se estar

Foto: divulgação

Adriana Costa

fundadora da ONG Trapamédicos

 

Todas as semanas um grupo de pessoas determinadas a abdicarem um pouco do seu tempo em favor do próximo veste um nariz de palhaço e vai onde a maioria não deseja estar: o hospital. E nas visitas recheadas de sorrisos e de uma vontade de levar um pouco de tranquilidade e empatia, o que mais percebemos é o desejo dos pacientes de estar em qualquer lugar, menos ali.

Ninguém gosta de estar doente e em 10 anos de atuação nos Trapamédicos presenciei milhares de histórias de quem precisou de um leito de hospital. Seja por uma semana, um mês ou um ano, não é fácil ter que se afastar da casa, da família, dos afazeres para encarar um ambiente muitas vezes frio e desencorajador.

A saudade de casa também aperta a Dra. Biscoito – personagem que interpreto durante as visitas – e nem sempre ela consegue despressurizar o ambiente. O que ela mais ouve dos pacientes que encontra é o desejo de poder ir pra casa. E o que mais fala é: aqui é o melhor lugar para se estar.

Porque no momento em que a doença nos encontra, não é uma questão de opção largar a vida normal e encarar a rotina hospitalar. Mas não há nada mais importante do que saber que existe uma equipe – que vai dos cozinheiros, passando pela enfermagem até os médicos – prontos a oferecer o melhor tratamento possível.

Não é fácil estar no hospital e muito menos valorizar essa experiência. Nem sempre nos damos conta de toda a logística envolvida em um tratamento de saúde, seja ele simples ou complexo, como um transplante. Nós, como palhaços de hospital, buscamos amenizar um pouco o clima nem sempre amistoso criado por um tratamento de saúde. Mas sempre reforço: agradeça por estar aqui. Não há outro lugar no mundo tão bom para se estar quanto aos cuidados de uma equipe profissional e experiente, disposta a auxiliar no que puder, em busca da restauração da saúde.

E quando o fardo estiver muito pesado, e a saudade de casa bater, sempre haverá um nariz vermelho e um jaleco colorido prontos para estender uma mão cheia de afeto.

Sobre os Trapamédicos

Doutores em besteirologia que buscam transformar a rotina de quem está em tratamento. É assim que trabalham os voluntários do Trapamédicos, organização sem fins lucrativos que há uma década atua em Blumenau (SC). Os palhaços de hospital levam semanalmente um clima de descontração para os pacientes que visitam e alertam: eles não querem fazer rir, mas deixar o dia a dia de quem passa por situações difíceis um pouco melhor e mais leve. Em 2013 o projeto ganhou uma vertical: o Trapapets, em que os cães dos voluntários são treinados para realizarem visitas a asilos e também à Ala Psiquiátrica do Hospital Santa Catarina.

2 Comentário

  1. Parabéns a todos , já presenciei a atuação e posso afirmar que o trabalho é merecedor de elogios .
    Fazem de coração, com alegria e dedicação ao próximo , continuem sempre …vocês são anjos travestidos de palhaços . Bondade e dedicação em prol de terceiros e como pagamento um sorriso ou um abraço,
    não existe dinheiro que pague isto ….

    Parabéns ….parabéns e parabéns .

  2. Trabalho maravilhoso. Pessoas especiais. Parabéns aos integrantes do trapamedicos. Belo gesto do Informe Blumenau.

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