O dia de luta de nós mulheres

Arte: www.gazetadopovo.com.br

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ana paula lima

Ana Paula Lima

Deputada estadual (PT)

 

Certa vez a filosofa Simone de Beauvoir escreveu, “o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”. Passadas décadas desde que a frase foi publicada originalmente, o pensamento de Beauvoir não perdeu em nada a essência.

Neste mês de março, marcado pelo dia internacional da mulher, a reflexão sobre as estruturas machistas e opressoras que nos cercam é fundamental.

O que proponho é falar de coisas práticas. Do nosso cotidiano. Quero falar para as pessoas, principalmente àquelas que se somam aos dados de violência diários.

O primeiro passo é reconhecer.

Para combater algo é fundamental saber antes do que se trata. A violência contra a mulher está no estupro e na agressão física, mas também se revela de outras maneiras: ao remunerar pior a funcionária, no assobio para uma desconhecida, ao forçar um beijo na garota da festa, ao silenciar uma colega e constranger a que usa roupas curtas. Estas são algumas das faces da opressão.Realidade que está perto de nós, entre nossos familiares, vizinhas e amigas.

O segundo passo é desconstruir. Mudar as estatísticas revoltantes da violência contra as mulheres não será possível sem antes acabar, por exemplo, com estes pequenos abusos diários ou sem que os homens atentem para próprios os erros neste processo. Naturalizar a agressão, o preconceito e o assédio caminham na contramão de qualquer mudança.

E é neste ponto que voltamos ao que Beauvoir disse. Enquanto nós mulheres não nos identificarmos como oprimidas e nos apoiarmos vamos contribuir para a permanência deste sistema desigual e é justamente desta alienação que sobrevive o machismo e o patriarcado. Tomar consciência da opressão é o ponto de partida. Todo direito é fruto de luta e empoderamento. Neste ponto destaco leis nacionais como a do Femininídio e Maria da Penha, e em Santa Catarina o Observatório da Violência Contra a Mulher, que são parte das nossas conquistas atuais.

Há muito para avançar e esta é uma jornada impossível de nos lançarmos sozinhas. Precisamos olhar para o lado e somar forças, principalmente, com aquelas que estão mais fragilizadas.

Que o Dia Internacional das Mulheres seja um momento de fortalecimento e união de todas nós.

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