Napoleão Bernardes deixa o PSDB

Foto: arquivo

Fui surpreendido com a informação no domingo e só acreditei porque a fonte era o próprio. Napoleão Bernardes anunciou sua desfiliação do PSDB. O pedido foI formalizado numa reunião com a executiva municipal e os vereadores da sigla, no começo da noite.

Napoleão escreveu uma carta para os filiados e para a comunidade e garante que não irá para outro partido, pelo menos agora.

Depois de 21 anos de filiação e atividades políticas, o ainda jovem Napoleão ( tem 35 anos) dá um passo atrás na trajetória político-partidária. Em sua “carta, diz:

“Em termos políticos, após muita reflexão, e não sem pesar – dada a multiplicidade de amizades amealhadas, entendi que este é o momento para vivenciar um período sem filiação partidária. Política, para mim, é vocação, propósito, verdadeiro chamado e causa de vida. Meu coração e minha alma, é claro, não me permitiriam deixar de seguir na caminhada política. Até por isso, vislumbro como importante e salutar este período sabático em termos de filiação, até para, com isenção partidária, atualizar-me, reciclar-me e oxigenar-me nas questões pertinentes à política. Isso se faz necessário permanentemente, pois os novos tempos exigem líderes com novas visões para bem exercer a boa e necessária política.”

Ele não aponta novos caminhos, não descartando um eventual retorno para o PSDB.

Em breve, outras análises. Confira o texto escrito pelo Napoleão.

Carta aberta aos amigos do PSDB e aos catarinenses

A “P”olítica, exercida como deve ser, com ética, decência e aguçado senso de interesse público, é o grande instrumento da sociedade em favor da pavimentação do caminho para o alcance dos seus mais altos ideais e elevados propósitos. Política, para mim, é vocação, chamado e causa de vida, algo que exerço me envolvendo de alma e coração.

Inspirado por este ideal e movido pela paixão à causa da igualdade de oportunidades entre as pessoas, filiei-me ao PSDB em 1998. Aos 16 anos, tão logo atingida a idade legal, alistei-me eleitoralmente para, com o título de eleitor em mãos, ter a condição para a filiação partidária.

Caminhei da escola, vestido com o uniforme do colégio, para a Câmara Municipal de Blumenau com o objetivo de descobrir onde se localizava a sede do partido na cidade. Sem padrinho, guiado por meus sonhos e inspirado por meus ideais, literalmente bati à porta do PSDB. Atendido pelo estagiário, requeri a minha filiação, e ele – o estagiário – foi quem abonou a minha ficha de ingresso.

“As coisas não valem pelo tempo que duram, mas pela intensidade como são vividas” (Fernando Pessoa)

Entendi, à época, que o caminho mais efetivo para concretizar aquelas inspirações, sonhos e ideais seria através da construção partidária e eleitoral. Dediquei-me com intensidade e afinco a esta missão. Como num sacerdócio, tive uma juventude e início de vida adulta com muitas renúncias, dada a minha obstinada paixão por este ideal de vida.

Lembro com nostalgia dos domingos de sol, em que todos os meus amigos estavam no clube ou na praia, e eu viajando nos ônibus “bate-volta” para participar da formação política em Florianópolis. Relembro o frio na barriga, o suor e o tremor nas mãos – que apesar de muitos não acreditarem, perduram até hoje – antes das reuniões, convenções e atos partidários.

Recordo, sem arrependimento, de investir literalmente todo o pouco que possuía nas primeiras eleições que disputei: a primeira, aos 17 anos; e a segunda, aos 21. Em ambas, saí literalmente a pé. Embora não tenha conquistado o mandato nessas oportunidades, sempre agradeço à Deus pelos subsídios decorrentes dessas derrotas, que me trouxeram amadurecimento e inigualável aprendizado.

Alegro-me com a façanha, fruto de uma ousadia, de ter sido o candidato a deputado federal mais votado em Blumenau nas eleições de 2010, consagrando-me suplente aos 28 anos.

Revivo, com emoção e orgulho, as vitórias eleitorais, todas extraordinárias vitórias políticas: em 2008, aos 26 anos, a maior votação da história de Blumenau para um vereador de primeiro mandato; a conquista da Prefeitura em 2012, aos 30 anos, quando me tornei o prefeito mais jovem e mais votado da história da cidade; e a reeleição em 2016, aos 34 anos, quando tive a maior votação proporcional do segundo turno em Santa Catarina, enfrentando e vencendo as adversidades decorrentes da maior crise econômica e política da história do Brasil.

Como deve ser a escalada da escada da vida, construí o meu caminho partidário e eleitoral lastreado no esforço do trabalho, passo a passo. Emocionado, lembro da aclamação das bases e lideranças partidárias, na maior e mais retumbante das convenções, para representar, como candidato único, o PSDB na disputa de uma das vagas ao Senado. Vivi, naquele momento, o ápice do coroamento da vida partidária ao ser escalado para a missão – sonho de uma vida. Sou muito grato a essas bases e lideranças.

Sabedor de minhas responsabilidades partidárias, no entanto, assumi com hombridade e galhardia a convocação para a missão de representar o PSDB na honrosa candidatura a vice-governador do Estado, a qual sou grato pela excepcional acolhida da coligação, pelo aprendizado, pela infinidade de amigos que cultivei em todas as cidades, pelo respeito que conquistei de líderes de todos os partidos, independente de, à época, estarem ou não coligados, e pelas pessoas especiais que caminharam ao meu lado por toda Santa Catarina.

Com apenas 35 anos de idade, pude ter a magnífica experiência de percorrer todas as regiões do Estado, conhecendo as particularidades e potencialidades de cada uma delas. Apesar da derrota eleitoral, considero que tive uma grande vitória política por ter me aproximado de tantas pessoas de bem e comprometidas em atender os anseios dos catarinenses e lutar pelo desenvolvimento de Santa Catarina.

“Mesmo que já tenha feito uma longa caminhada, sempre haverá mais um caminho a percorrer” (Santo Agostinho)

Vividas duas décadas de intensa dedicação à política através da construção partidária e do exercício de dez anos de mandatos eletivos legislativos e executivos consecutivos, é chegado o tempo de um novo momento político e de vida. Inspirado pela mesma paixão à causa da “P”olítica e movido pelo mesmo idealismo que norteou e guiou os passos na construção da trajetória concreta de minha vocação, entendo ser o momento da consolidação de novos degraus na minha escada de vida.

No campo acadêmico, caminho para o doutorado em direito e teoria da democracia e do Estado, projeto este adiado em decorrência da minha eleição para prefeito em 2012. Sigo, com força e vigor, na nobre e gratificante atividade docente, seja como professor titular do curso de Direito da Furb, seja em cursos de especialização nas áreas de gestão pública, princípios constitucionais e direito penal.

Na seara profissional, retornarei à advocacia, atividade que interrompi, quando da eleição para vereador, para exercer com a intensidade necessária o mandato para qual fui eleito pela população. Em paralelo, empreenderei na área de tecnologia, por acreditar no empreendedorismo e no trabalho como pilares para o progresso da sociedade.

Em termos políticos, após muita reflexão, e não sem pesar – dada a multiplicidade de amizades amealhadas, entendi que este é o momento para vivenciar um período sem filiação partidária. Política, para mim, é vocação, propósito, verdadeiro chamado e causa de vida. Meu coração e minha alma, é claro, não me permitiriam deixar de seguir na caminhada política. Até por isso, vislumbro como importante e salutar este período sabático em termos de filiação, até para, com isenção partidária, atualizar-me, reciclar-me e oxigenar-me nas questões pertinentes à política. Isso se faz necessário permanentemente, pois os novos tempos exigem líderes com novas visões para bem exercer a boa e necessária política.

“A esperança não desilude, está sempre ali: silenciosa, humilde, mas forte” (Papa Francisco)

De minha parte, carrego comigo boas memórias e o desejo permanente de diálogo com os muitos amigos que fiz no PSDB, rogando por compreensão diante desta necessária decisão. Da mesma forma, agradeço, de coração, a todos os que, ao longo da jornada, têm me apoiado, incentivado e acreditado em mim. Continuem contando comigo! Não tenho dúvida de que a vida nos proporcionará ainda muitas caminhadas e vitórias lado a lado.

 

3 Comentário

  1. Desgraçadamente, o papel aceita tudo!

    Sê sincero, napoleãozinho!

    Sê sincero e diz aos teus eleitores: traí vocês!

    “Amizades” na política, napoleãozinho???!!! Diz aqui ao velho Alcino Carrancho que não és tão ingênuo assim, diz!

    Na política não há amigos, mas CONSPIRADORES que se unem! (Victor Lasky).

    Apenas te digo que ouvi outrora o sapobarbudo dizer em entrevista que tinha muitos amigos…

    E o molusco não era qualquer político… E tu?

    Aqui, o idiota do Alcino Carrancho, um dia acreditou que chegasses à Presidência do Brasil…

    Quem te mandou, pequeno, fazer política olhando para o próprio umbigo?

    Não enxergaste no horizonte a tua Manuela?

    Não enxergaste no horizonte os filhos da tua Manuela?

    Traidor!

    Alcino Carrancho,
    O Sábio

  2. O que me deixaria triste é se o Napoleão deixasse a política, mudanças na caminhada política e partidária como na vida, as vezes são necessárias.

  3. Carta aberta aos amigos do PSDB e aos catarinenses

    A “P”olítica, exercida como deve ser, com ética, decência e aguçado senso de interesse público.

    Somente a frase acima ja seria suficiente para enviar aos caciques do PSDB , Dever , etica , decencia e interesse publico sao palavras desconhecidas destas pessoas .

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