Educação para a liberdade

Por Josué de Souza, professor de Sociologia

Por Maicon Poly de Aguiar, professor de história

Em tempos de crise política e desintegração institucional transbordam as propostas autoritárias na tentativa de controlar as condutas individuais. A cada dia acordamos com uma proposta nova tirada da cartola dos aspirantes a despostas. As propostas da moda neste momento são as tentativas de controle dos conteúdos ensinados pelos professores. Os defensores destas propostas alardeiam que suas iniciativas baseiam-se na “tentativa de impedir que professores utilizem-se da audiência cativa de seus estudantes para impor-lhes suas preferências políticas e ideológicas.

Ledo engano, não somente porque propostas como estas desconsideram que a atividade docente não é uma via de mão única, muito menos a autoridade exercida pelo professor em sala de aula e nos demais espaços pedagógicos não se constrói de forma monológica e hierarquizada.  Se confundem também ao considerar que o estudante como uma folha de papel em branco a ser preenchida unilateralmente com o conteúdo exposto pelo docente é desconhecer que a dinâmica própria do processo por si só é dialógica.

O risco na verdade é outro.

É preciso lembrar que nossa política foi construída como uma espécie de federação de coronéis e chefes de caudilhos. No Brasil da república Velha este mecanismo de poder funcionou muito bem, para os oligarcas e coronéis, e foi legitimado no poder local.  O coronel local legitimava-se controlando o aparato estatal, controlando os cargos públicos, desde o delegado de polícia até a professora primária. Da mesma forma que para cima, legitimava outros coronéis na esfera estadual e nacional que davam seu apoio a este em troca do reconhecimento de seu domínio da esfera política local.

O risco de termos uma proposta pedagógica única não é o professor, e sim o coronel local, ou os vários projetos destes que temos hoje. Contraditoriamente, alguns deles identificam-se como a renovação política, não são. É o velho revestido de novo.   São neo-coroneis que na ânsia de controlar o poder local, de impor sua verdade, ou sua forma de legitimação do poder, transformam-se em fiscais dos professores, tolhendo-lhes a liberdade e perseguindo qualquer proposta de ensino que ventile uma leitura plural e para a diversidade.

Assim, em um país de velhos e novos coronéis, é preciso defender que a escola tenha pensamento crítico é defender a liberdade de expressão e a liberdade de cátedra dos professores. Defender uma educação livre e que liberte. Lembrar o filosofo Theodor Adorno quando aponta que a educação deve servir para que se evite o silêncio frente ao terror e a manipulação das massas por líderes totalitários.

3 Comentário

  1. Interessante, um texto bonito porém está bem claro tanto na constituição como no próprio projeto que advém da constituição a pluralidade de ideias. Esta na hora de parar de olhar e falar que vai ter um lado só, pq é mentira. Sem contar que está cada vez mais claro que hoje em dia já sem tem um único lado dentro de muitas das escolas do país. Dizer não a esse projeto é o olhar o que está acontecendo e ser conivente com esse ensino horrível do Brasil, onde professor está mais interessado e em política do que em ensinar. Pra quem não sabe já chegou ao ponto de escolha fechar pra mandar aluno para passeatas fora temer, não foi aqui em Blumenau, mas por aqui já vi relatos de doutrinação. A balança já está pendendo pra um lado esse projeto usa a própria constituição para equilibrar essa balança novamente.

  2. Se fosse num país sério tudo bem, mas nessa M não da pra deixar .
    Na escola tem q ensinar conhecimentos.

  3. Escola não é lugar para politiqueiros, podemos ensinar política na escola , mas não com professores alienados e partidários . Ensinar nossas crianças sobre política pode nos trazer
    no futuro políticos com caráter e dignidade , mas de maneira alguma aceitar professor partidário
    e ideológico .

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*