A desconstrução da política

Luiz Carlos Nemetz

Advogado

 

Interpretar o inconsciente coletivo é uma tarefa muito difícil. Com uma pitada de radicalismo, diria que é impossível!

Nem os maiores cientistas sociais são capazes de prever fenômenos sociológicos de reformas, evoluções, involuções, revoluções ou eventos similares. Quem em sã consciência poderia prever alguns acontecimentos e os impactos na vida em sociedade de alguns fenômenos como a interferência das mídias sociais no nosso dia a dia, por exemplo?

Quem há quatro anos, em pleno charme estereotipado do governo Obama, poderia prever que Donald Trump seria eleito presidente da maior potência do mundo? E mais: que o governo do empresário anti-político (mas paradoxalmente politicamente incorreto) seria um sucesso para o público interno americano e um misto de pastelão com irresponsabilidade no sentimento de uma grande maioria da humanidade?

Quem poderia dizer, há uma década, que no Brasil haveria mais um impeachment, e que teríamos grandes e poderosos tubarões colocados na cadeia? Dentre eles mais que uma dezena de ex-ministros, ex-presidentes da Câmara Federal, governadores, e altas figuras da vida política nacional? Se vão ficar lá eu duvido. Mas que foram, foram… Jamais país algum, em toda a história contemporânea passou por uma convulsão desta envergadura como a que estamos passando.

É uma tempestade que parece sem fim.

Para os pessimistas é o fim do mundo. Para os otimistas, o começo de um novo tempo. Na vida em sociedade, sobretudo no mundo jurídico político nada pode ser cartesiano. É por isso, que os cientistas sociais nunca acertam prever o futuro. Entre o binário certo e errado, existem centenas de milhares de variáveis.

Mas, o que se vê, é uma desesperada desesperança de uma massa atordoada com os acontecimentos escandalosos que passam a vir à tona diuturna e cotidianamente. E as mídias sociais são o palco deste grande debate, onde todos protagonizam seus papeis e emitem suas opiniões. Legitimamente, ademais.

Contudo, há um assombro generalizado. E com ele, dois movimentos são nítidos. Acuada, a classe política agoniza, como peixe fora d’água e faz de tudo para se proteger no seu ninho de interesses. A sociedade, por sua vez, expressa ojeriza da política e apedreja os políticos. O que não deixa de ser um movimento político.

Sim, a situação é gravíssima. E é crítica.

As estruturas do poder estão contaminadas e sendo conduzidas por uma casta que perdeu o sentido e a direção do que deva nortear os fundamentos de uma República (“res” = coisa pública).

Então o Brasil vive um dilema.

A massa se diz desacreditada da política e quer crucificar em praça pública todos os políticos. Mas ao mesmo tempo, o povo quer mudanças. Então, como fazer mudanças se não fazendo política?

Digo mais! Tudo o que estamos vivendo, é resultado da política.

Da ação atrevida e sem limites de uns poucos, contraposta à omissão, boa-fé e deseducação cívica de milhares. Apesar disso tudo, estamos vivendo plenamente uma democracia. Com seus defeitos e com seus acertos.

E numa relação deste porte não há perfeição possível. É na política e pela política que encontraremos saídas, ainda que seja a repetição de erros já cometidos.

Sociologicamente também se aplica a lei de Darwin: vai sobreviver quem se adaptar. Ou, os enunciados de Santo Agostinho, que dizia que “há males que existem para revelar um bem; e outros males que acontecem para evitar um outro mal ainda maior”.

Por sua vez, Silvio Santos, que não sendo sociólogo entende o povo como poucos, diria: “2018 vem ai, lá, lá, lá!”.

1 Comentário

  1. Eu corto o meu e saio pelado na rua se algum político se reeleger em 2018!

    Precisamos da política, claro, Nemetz, mas não se votando em ninguém dos 5 ou 6 principais partidos, a lição será assimilada por todos.

    Abraço.

    Alcino Carrancho

    (O Verdadeiro)

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