Apresentação de Napoleão Bernardes sobre denúncias da Lava Jato é marcada pela tensão

Foto: Informe Blumenau

O Salão Nobre estava tenso. Secretários, presidentes de autarquias e fundações, assessores e boa parte da imprensa voltaram a se reunir nesta terça-feira, 18. Mas nada que lembrasse os últimos e festivos encontros, como os recentes lançamentos dos programas Cidade Jardim e o de Mobilidade Urbana.

Para aumentar a tensão, estava lá o promotor público Gustavo Merelles, da Vara da Moralidade Pública. Apenas o cumprimentei, por isso não sei o motivo de sua presença, mas já imagino, ele que olhou e olha com lupa esta concessão do serviço de esgoto em Blumenau  e o Samae.

O clima deu um piorada quando surge a informação de que o prefeito não conversaria com os jornalistas depois de sua fala. “Era uma apresentação”, diziam sem graça o pessoal da comunicação e assessores mais próximos. O fato foi confirmado na abertura da “apresentação”, quando a colega Marili Martendal, como porta voz, avisou da orientação para a imprensa antes da entrada de Napoleão Bernardes.

E a tensão estava estampada na cara do jovem político, que aos poucos começou a ficar mais tranquilo. (PS: Qualquer um na situação dele ficaria tenso. Todos estávamos.)

A apresentação foi de pouco mais de 45 minutos.

No começo, ele destacou sua postura desde que seu nome apareceu na lista de Lava Jato. “Embora desaconselhado, sempre procurei esclarecer os atos”, “me orientavam que as manifestações fossem através de notas impessoais”, “estou aqui, enfrentando este momento de provação, de turbulência”, falando que está de “alma leve”, “com consciência tranquila”.

O prefeito dividiu sua linha de raciocínio em três vertentes, antes de entrar na apresentação propriamente dita.

A primeira é sobre a suposta doação de campanha feita pela Odebrecht em 2012, de R$ 500 mil. Disse que ele era um azarão: “qual o contexto da minha candidatura naquele época?”, “é ilógico”, sinalizando que seria um “mau negócio” para a empreiteira, pois os favoritos eram Jean Kuhlmann (PSD) e Ana Paula Lima (PT).

Sinceramente, não achei este  primeiro argumento bom. Napoleão é do PSDB e o PSDB é um dos partidos envolvidos com doações eleitorais irregulares. Inclusive com dinheiro para o governador de SP, Geraldo Alckimin, com quem Napoleão esteve recentemente.

A segunda foi a postura de sua administração com a Odebrecht: “Nossa relação foi de enfrentamento”,  afirmando que a Prefeitura obrigou a empreiteira a refazer vários serviços mal executados logo que tomou a posse e depois entrou nos detalhes do aditivo assinado por ele como prefeito, o que o fez aparecer na lista do ministro Edson Fachin, do Supremo, com a denúncia de corrupção passiva, ativa e lavagem de dinheiro.

Lembrou, de forma “Republicana”,  sem atacar ninguém, o que gerou este furdunço todo. Foi o começo da concessão, com o ex-prefeito João Paulo Kleinübing (PSD) e seus desdobramentos.

Argumentou que as ações da sua administração trouxeram o melhor resultado para a cidade.  Fez questão de se colocar na posição do jovem político, idealista, contra a “poderosa Odebrechet”. “Nós salvamos, nós economizamos”, frisou.

Neste item, talvez o mais complexo de todos, entendo que o prefeito está certo, fez o possível. Muitos queriam o rompimento do contrato com a empreiteira, mas essa hipótese era muito complicada, praticamente inviável.

Acabou sobrando para o consumidor, que teve que arcar com um reajuste de cerca de 17%, no imbróglio criado pelo seu antecessor, o hoje deputado federal Kleinübing.

E a terceira vertente apresentada por Napoleão Bernardes foi centrada na delação de Paulo Welsel, executivo da Odebrecht,  que trouxe Blumenau para a Operação Lava Jato. Buscou mostrar contradição na fala do executivo e outras vezes a usou para sua defesa.

Neste caso, a estratégia do prefeito é dúbia, no meu humilde modo de ver. Em especial validar as falas do delator, que aponta também que a campanha de 2012 do tucano teria recebido R$ 500 mil de Caixa Dois. Afinal, Welsel mente ou não?

Por fim, Napoleão falou sobre sua vida pública: “Tenho 20 anos, sem nenhuma mancha”, “estou aqui com a consciência tranquila, vou enfrentar o tribunal da opinião publica, mas por ser honesto “, “estou aqui porque poupei o município de Blumenau de uma conta milionária” .

Você achou que acabou? Não. Essa foi apenas a introdução.

Daí o prefeito fez a tal “apresentação” , a cronologia da Odebrecht por aqui, para qual nós jornalistas fomos convidados. Já resumi acima e escrevi em outras oportunidades, De qualquer forma, o prefeito disse que toda as informações estão disponíveis no Portal Transparência e com calma vou compartilhar com o leitor do Informe.

E agora sim, o fim. Acabou a “apresentação” e  o prefeito saiu do Salão Nobre sem conversar com nós, da imprensa.

Ficou chato. Depois de um tempo, voltou atrás. E conversou por 6 minutos com quem ficou esperando, inclusive o Informe. Essa entrevista você acompanha aqui. 

Em breve colocamos os vídeos com a apresentação na íntegra.

Foto: Informe Blumenau

4 Comentário

  1. Ta certo, ninguém levou dinheiro da Odebrecht, por consequência não teve crime, cabe agora uma gorda indenização ao Sr. Marcelo e a Odebrecht.

  2. A primeira é sobre a suposta doação de campanha feita pela Odebrecht em 2012, de R$ 500 mil. Disse que ele era um azarão: “qual o contexto da minha candidatura naquele época?”, “é ilógico”, sinalizando que seria um “mau negócio” para a empreiteira, pois os favoritos eram Jean Kuhlmann (PSD) e Ana Paula Lima (PT).

    Pela fala acima , se estivesse bem cotado então seria um bom negócio ?

    Isto significa que para os demais foi um bom negócio ?

    Quanto mais se fala , mais se enrola .

    Se estão mentindo , porque a prefeitura vai continuar com o contrato ?

  3. Sempre caberá a ressalva de que tudo se apure.

    Em se apurando tudo… Morte aos corruptos, independentemente do sorriso.

    Mais uma vez Napoleão Bernardes se mostrou inexperiente e/ou mal assessorado.

    É pena!

    Napoleão: ficou pior para ti, agora. Se eu fosse teu assessor te “proibiria” de dares esses esclarecimentos que deste.

    Porque digo “proibiria”, sendo tu meu chefe?

    Porque se “desobedecesses” eu pediria demissão no ato, Napoleão Bernardes!

    Comento estas tuas frases:

    “estou aqui, enfrentando este momento de provação, de turbulência”, falando que está de “alma leve”, “com consciência tranquila”.

    Somente para tua informação, o Marcelo Odebrecht – percebe-se – está de alma leve, agora, pois o futuro dele está traçado.

    E os outros delatores também estarão de “alma leve”, Napoleãozinho!

    O teu futuro estará traçado. Então, calma, pois o teu tempo chegará, Napoleão…

    Se não tivesses ido a essa “apresentação” que o Alexandre Gonçalves refere, não terias que mentir àqueles que, como eu, têm um pouquinho de massa cinzenta, Napo!

    Se não, vejamos esta tua declaração:

    “estou aqui porque poupei o município de Blumenau de uma conta milionária”

    Napoleão Bernardes: aumentar o período de concessão de 25 para 35 anos representa poupança?

    Quem saiu beneficiado?

    Respeitar a inteligência dos outros é prova de boa educação e cavalheirismo, Napoleãozinhooooooo!

    Na próxima vez que fores abrir a matraca, pensa no seguinte:

    O meu interlocutor é no mínimo tão inteligente quanto eu.

    Assim pensando, correrás menor risco de cair do cavalo.

    Alcino Carrancho,

    O Sábio Experiente

  4. Olá, Napoleão Bernardes!

    Criticar é fácil e apresentar soluções é difícil.

    Vou tentar ajudar-te.

    Primeiramente, considera falar comigo.

    Pessoalmente!

    Não te cobrarei a assessoria nem cargo comissionado algum.

    Não tenho nada pessoal contra ti, apenas com o teu presidente de diretório municipal, a saber, José Carlos Oechsler.

    Este nominado elemento correu sério risco de ser eliminado e enviado para o inferno, face à atitude extremamente traiçoeira que teve para comigo.

    Conforme já havia escrito, mudei de ideia e, assim, procurarei ficar dentro do mais estrito campo da legalidade.

    Respirem aliviados os seus familiares…

    Mas vamos sair desta nojenta escrita e vamos ao que interessa.

    Napoleão: jogaram-te – ou jogaste-te – numa tremenda areia movediça. Quanto mais te mexeres, mais te afundarás.

    Se tivesses assessores à altura, eles teriam aconselhado a, sim, dizer que estás tremendamente preocupado e que não estás de alma leve, coisíssima nenhuma.

    Dirias que estás aguardando os acontecimentos e ponto final.

    Simples assim, Napoleão!

    Aliás, alguém disse que o mais alto degrau da sabedoria está na simplicidade.

    O teu problema, Napoleão, é que os teus assessores são “amigos do rei” e os amigos do rei não levam notícias desagradáveis ao seu senhor!

    Convida-me para tomar um cafezinho contigo e te direi algo mais.

    Aceito a presença do meu execrável inimigo acima nominado e não lhe farei mal algum.

    Atenciosamente,

    Alcino Carrancho

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