A FURB sob ameaça de interesses do mercado?

Foto: divulgação FURB

Christian Krambeck

Arquiteto,urbanista e professor universitário

 

A Furb e o futuro de Blumenau e do Vale do Itajaí… são tempos difíceis quando as pessoas resumem tudo a viabilidade financeira e interesse do Mercado, ignorando ou mascarando o papel de uma universidade de verdade, com ensino, pesquisa, extensão, pós-graduação, ações culturais, eventos científicos, congressos, projetos sociais, economia solidária, parceria com comunidades, empresas, etc etc.

A Furb é um ator fundamental e estratégico para nosso desenvolvimento, qualidade de vida, inovação, amadurecimento cultural, turismo, cidadania, autonomia, nosso futuro comum no século XXI.

Podemos escolher ser uma cidade sem universidade, apenas com Faculdades privadas cujo único objetivo é o lucro e pagar dividendos aos seus acionistas, a maioria de fora de Santa Catarina e até fora do Brasil; formando mão de obra qualificada e barata para suprir o mercado; ou podemos escolher FORTALECER, RENOVAR, INOVAR E REVITALIZAR A UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU, que fará 60 anos em breve, mantendo e ampliando seu papel enquanto instrumento de desenvolvimento, inclusão, cidadania, qualidade de vida, cultura, inovação, vitalidade urbana.

Olhar para nosso passado, aprender com os desafios, com a crise nacional atual, com eventuais erros e acertos, e focar no nosso futuro comum.

Não cair na tentação barata e preguiçosa de simplesmente privatizar, beneficiando interesses de fundos de investimentos que não conhecem nossa realidade e jamais se preocuparão com nossa qualidade de vida; empresas que visam apenas o lucro e vão eliminar imediatamente a PESQUISA E EXTENSÃO, tão importantes e relevantes para o desenvolvimento local e alta qualidade de vida; vão fechar cursos importantes para uma sociedade com alto nível de educação, mantendo apenas os cursos lucrativos e com custeio barato; vão deixar de investir em laboratórios, privilegiando apenas o “cuspe e giz” de sala de aula, mais barato e lucrativo; vão transformar tudo em cursos a distância e com baixa qualidade; seria perder uma das coisas mais importantes de Blumenau, que nos diferenciam das maioria das demais cidades médias brasileiras.

A Furb é um patrimônio de todos nós, que deve melhorar sempre, deve enfrentar a crise econômica e política pela qual o Brasil passa, deve rediscutir e inovar o seu modelo também; mas deve olhar para os mais de 50 mil pessoas que já passaram por aqui e saíram melhores justamente pelo ambiente de UNIVERSIDADE que se têm, livre, democrática, inclusiva, crítica e autocrítica, inovadora, ousada e aberta a todos as pessoas, inclusive os filhos dos trabalhadores de uma região que precisa se reinventar e avançar.

Podemos falar sobre a omissão da Prefeitura no sentido de estabelecer parcerias mais efetivas, desenvolver e fomentar projetos de interesse público e políticas públicas com a Furb, com o ecossistema de inovação e empresários e empreendedores; podemos falar de alguns que preguiçosamente optam sempre pela solução mais fácil, mais barata, mais medíocre, do século passado e que não agrega nada para as pessoas, para a sociedade e para nossos filhos, soluções que entregam nosso patrimônio material e imaterial a troco de banana, comprometendo e interditando nosso futuro.

Espero que sejamos capazes de abraçar esta importante instituição, que tanto fez e pode fazer por nossas vidas e região; que sejamos coerentes e capazes de construir um novo modelo com a Furb pública, com cada vez mais qualidade, integrada e trabalhando junto com Prefeitura, Câmara de Vereadores, empresários e outras Prefeituras da região.

2 Comentário

  1. Parabéns pelo belíssimo texto professor.
    A furb é nossa universidade.
    Não vamos deixar que interesses escusos e alheios ao desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão se apropriem do nosso patrimônio.

  2. Fala como se o “mercado” fosse constituído apenas por empresários e multimilionários. Lembre-se: o mercado que crítica é o mesmo que liga tantos indivíduos comuns em busca de alternativas para suas necessidades. Concordo no ponto “faculdades privadas não incentivam a Pesquisa e Extensão”, mas isso não é motivo para demonizar o empreendedorismo na área de educação superior. Basta incentivar uma parceria pública-privada, reunir o mercado que valoriza mão de obra qualificada e ensinar aos jovens a importância de uma qualidade de ensino.

    Entretanto, isso será impossível. Pois aqueles que desfrutam das regalias do setor público, estão indispostos para tal projeto. Sendo assim, concluo meu comentário: falta vontade para tanto discurso.

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