A Elite

Foto: ilustração Google

Por Aroldo Bernhardt – Professor

A palavra elite em sua origem caracterizava produtos de qualidade excepcional, posteriormente se transformou em conceito político e sociológico a partir de Gaetano Mosca e sua doutrina da classe política.

Elite, agora, de um modo geral, é entendida como um grupo dominante na sociedade, e mais que isso, especificamente, como a classe social com maior poder econômico. Coerente com essa visão, muito apreciada pelos segmentos mais conservadores da nossa sociedade, a elite seria o estamento social responsável por detectar, encaminhar e atender as necessidades do povo. Este é o cerne do pensamento conservador: há uma elite que sabe tudo, tudo tem e tudo pode, e há o povo, a massa que precisa ser orientada, dirigida porque não sabe o que quer, não sabe votar, não sabe dizer quais são as suas prioridades, e, portanto, é irresponsável.

Trata-se evidentemente de uma visão de mundo eivada de arrogância e preconceito, muito distante do que legaram os pensadores fundamentais da civilização como Cristo, Buda, Ghandi e outros tantos que há milênios pregam a liberdade, a igualdade e a fraternidade. É também uma postura incompatível com a ideia de democracia e, por isso, costumo me referir a ela como característica da elite equivocada.

Entretanto, há uma elite sem elitismo, uma elite efetiva e substantiva. São pessoas, que independentemente de partido, religião ou qualquer outra expressão sectária entendem que exercitar a sua humanidade compreende que: a percepção de que a sua posição não lhes dá mais direitos e sim mais obrigações; que ética, é diferente de moral; que racional não é o ser que calcula, mas aquele que se baseia em valores éticos, estéticos e até mesmo religiosos; que preservar a natureza não é somente guardar para as próximas gerações, mas sim proteger a vida (em todas as suas manifestações); que o diferente não é melhor nem pior, é apenas vário; que justiça social se faz com a política e não com a economia e finalmente, como diria Gandhi, que “não há caminho para a paz. A paz é o caminho”.

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