25 de maio, Dia Nacional da Adoção

Por Denise Alessandra Krug Demmer

Advogada, coordenadora da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB/Blumenau e mãe adotiva.

O diálogo sobre adoção se ampliou bastante ao longo dos anos. Evoluímos em muitos pontos desde a previsão constitucional de absoluta igualdade entre filhos biológicos e adotivos, até a melhor aceitação destes na comunidade em que estão inseridos.

Mas justamente na data em que se celebra o Dia Nacional da Adoção que reflexões ainda precisamos fazer,  que barreiras ainda precisamos quebrar, para onde devemos voltar nossos olhos? Na verdade há ainda muito trabalho pela frente!

Em primeiro lugar temos que entender que o Estado ao tratar de toda a questão envolvendo a adoção busca, o tempo todo, tutelar a criança e o adolescente. Em outras palavras, o que se busca são pais para estas crianças sedentas de afeto e referências familiares, não filhos para os pretendentes à adoção.

E neste ponto nós nos deparamos com o maior paradoxo das já famosas filas de pretendentes à adoção: há milhares de pessoas dispostas a exercer a paternidade por adoção, há centenas de crianças e adolescentes ansiando por suas famílias adotivas e entre elas há um perfil de filho adotivo diverso da realidade das crianças e adolescentes aguardando um lar.

É perfeitamente compreensivo que os pais adotivos tenham desejo de vivenciar todas as fases de seu filho e por isso, na maioria das vezes, ao preencher o perfil da criança a ser adotada, indicam bebês ou crianças muito pequenas. E amargam incontáveis anos de angústia, ansiedade e frustração nas longas filas, ladeados por outros tantos pais desejosos de crianças com este mesmo e restrito perfil. Não é o caso de julgá-los. Mas precisamos refletir sobre esta opção.

Se as crianças atualmente disponíveis  à adoção, em sua maioria, são adolescentes ou pré-adolescentes, são grupos de irmãos, são crianças com alguma doença, no dia dedicado a causa, nós temos a obrigação de divulgar e enaltecer que estas crianças e adolescentes podem ser adotadas num curtíssimo espaço de tempo, mas estão “envelhecendo” enquanto esperam. Nós só precisamos repensar, readequar nossas expectativas, nós precisamos ser resilientes!

Há outras reflexões urgentes, uma delas diz respeito ao período imediatamente após a concretização da adoção. Momento em que surgem pais adotivos! Precisamos perceber que esta criança ou adolescente que chega em sua nova família espera ser bem recepcionado por todos, não apenas por seus pais. É preciso observar que no momento da adoção surgem também avós adotivos, tios adotivos, sobrinhos adotivos e primos adotivos. A perfeita adaptação da criança adotiva e seu desenvolvimento emocionalmente sadio passa também pela acolhida e aceitação de toda sua família.

Não há dúvidas que temos muito para evoluir, discutir e crescer. A data é um convite à  reflexão,  afinal todos nós podemos de alguma madeira adotar esta causa!

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*